sábado, 22 de outubro de 2011

O noivo da minha melhor amiga


Que lance o primeiro tijolo de um prédio de 14 andares, aquele que nunca viu filosofia barata e revirou os pensamentos em um domingo à tarde assistindo melodramas americanos. É. Não estou escrevendo essa coluna em um prédio de 14 andares e muito menos com um tijolo na mão e como isso é coisa típica minha (como diria uma velha amiga), andei pensando (de forma sadia, fiquem tranquilos), nessa nossa análoga vida com a ficção.
A comédia romântica de Luke Greenfield, ‘Something Borrowed’, conta a história da garota certinha que fora apaixonada pelo seu colega de faculdade. A moça além de nunca ter tido coragem de se declarar para ele, o apresentou sua melhor amiga, que fez dele sua noiva. Tudo correria bem, se não fosse o porre em seu aniversário de 30 anos, que auxiliou a certinha Rachel a se declarar ao bonitão Dexter. Tudo se manteve escondido, até o sentimento (sempre ele) falou mais alto e chegou uma hora que ambos tiveram que tomar uma decisão.
Rachel, a advogada boa menina, pensando em proteger a amiga (que traia o seu noivo), renunciou ao seu amor e estava sendo uma boa madrinha. Até que Etan, o outro amigo entra na história e manda Rachel parar de ser passiva (e de certa forma trouxa) e sair daquele chove não molha. Certa de seus sentimentos e dos dele, ela, ao se declarar, pede que Dexter cancele o casamento e ele, entretanto, titubeia.
Ok, senhores. Não estou tentando me declarar para ninguém e nem pedindo que os senhores estraguem casamentos alheios, todavia, é preciso olhar as atitudes dos outros, (nem que seja em filmes), para ver de que forma estamos levando a nossa. O tal do frouxo do Dexter, além de não assumir o que sentia pela adorável Rachel, não seguia a profissão que queria: o cara era advogado e sempre sonhou em ser professor. Logo, diante da covardia do noivo-advogado, pensemos: quantos de nós diariamente, não nos esquivamos de tomar as rédeas de nossas vidas, para fazer o que realmente queremos? Para viver o que sentimos?
Lembram de Steve Jobs, na semana passada? O cara sempre quis “deixar uma marca no Universo” e seguiu até conseguir, sem medo de errar. E não só ele, mas quantos nomes famosos na ciência, na tecnologia, na matemática; seguiram com seus propósitos, seus ideais, suas vontades, sem medo de errar? E se Thomas Edison tivesse desistido logo de cara da lâmpada? E se Cleópatra não tivesse ‘peito’ suficiente, para aos 17 anos assumir o reinado do Egito?
No filme, o Etan, amigo e conselheiro de Rachel, além de alertá-la de como ela renunciava a tudo em favor dos outros (inclusive da amiga Darcy), declarou-se a ela. Ela que não jogara sujo contando a traição da amiga a seu amor, queria ser de Dexter a primeira opção; só que na verdade era a primeira opção do amigo, Etan, que era a primeira opção de Clair, outra amiga. No fritar dos ovos, para meu desgosto, Etan que deveria ficar com Rachel, ficou sozinho; Dexter tomou coragem e terminou o casamento, Darcy engravidou de outro e Clair, ficou contente em ter TENTADO ficar com Etan.
É, meus caros, por que, inúmeras vezes e não somente por falta de coragem ou preguiça, mas por não querer criar confusão ou desagrados, desistimos de nossos ideais e não corremos atrás daquilo que nos faz feliz? Quantas vezes vivemos a nossa vida baseada em uma ficção, tentando manter aparências, para simplesmente não magoarmos os outros e sermos, nós, os realizados? Quantas vezes deixamos de assumir nossos erros, nossas traições (que fundo são as nossas verdades) para, pelo menos, tentarmos ser feliz? Posso até parecer repetitiva em dizer que não sei a resposta, mas é verdade. Como eu não estou aqui para dar respostas, mas estou para confundir e deixar perguntas, só sei, que o que devemos ter no coração é a certeza de ter, ao menos, tentado ser feliz. E enfim, se não der, precisamos partir para outra, afinal, você pode ser a primeira opção de alguém e melhor ainda, ter a sua primeira opção. Ah, só não se esqueça de fazer isso antes que o casamento aconteça.

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