sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Finais

- Ei, me dá um pedaço de chocolate?

- Então, acabou.

- E como vai a faculdade!

- Pois é, terminei.

Acabou, the end, fim. Os senhores devem estar perguntando-se, como assim, no começo do ano, começamos falando em finais? Pois bem, é mais do que evidente que para tudo o que começa, tem algo que termina. É inevitável. Algumas coisas agradecemos por findarem logo de uma vez e outras nos entristecemos com o fim. E por mais que haja coisas positivas e negativas é sempre difícil lidar com os finais.

O fato é, é muito mais fácil termos a ilusão da imortalidade das pessoas, situações e coisas em nossas vidas, do que ter que conviver com a triste realidade que tudo na vida é passageiro, o que é a mais pura verdade.

Para início de conversa, esse negócio do que é imortal não morre no final é só coisa de música da Sandy, nós somos muito mortais e, diria eu até que morremos e ressurgimos muitas vezes durante uma só vida. Como? Pensem comigo, diariamente estamos expostos a um misto de experiências e acontecimentos, cada um deles, ao penetrar em nossas vidas, moldam a nossa forma de pensar e de agir. A mudança proporcionada por tudo isso, faz com que surja dentro de nós mesmos, um novo eu. Desta forma, há uma morrer e um ressurgir. Há um fim para um começo.

E percebam como o abandono do antigo eu, para chegada de um novo, causa muito estrago. Por dezenas de vezes, nos surpreendemos com nossas próprias atitudes, maneira de pensar ou agir e essas mudanças são a prova irrefutável que houve um fim. Em alguns casos, pode haver a resistência e o saudosismo, que podem aumentar o problema.

O final da leitura de um livro, o fim de um filme, o acabar de uma barra de chocolate, o encerramento de um curso, o tchau a um emprego, o adeus a uma velha atitude. Seja qual for o motivo do final, este sempre nos abalará e nos fará avaliar a forma que estamos levando nossa vida e como coordenamos nossos pensamentos.

Talvez, se começássemos a conceber a ideia de que somos sim, passageiros no trem da vida e que a cada nova estação, uma nova paisagem surgirá, cada uma com uma beleza e um encantamento especial, conseguiríamos superar inúmeras frustrações que nos afligem. Nos apegamos demais as situações e as coisas e deixamos de viver a vida que nos aparece todos os dias, em função da superação dos fins que já se foram e vivem no presente.

Senhores, não estou falando em negar ou refutar o que nos aconteceu e que vivemos, pois graças aos momentos passados é que construímos nosso presente e idealizamos nosso futuro. E nisso, incluo até finais de relacionamentos, amizades ou demais perdas. Pois, se nada é imortal, tudo novamente pode mudar e o que era passado pode voltar ao presente, aí o que era final pode voltar como um recomeço.

Finais são sempre estranhos e o começo pode parecer ainda pior, mas é preciso enfrentar os dois, pois a janela do trem está aberta e cabe a você aproveitar a nova paisagem, considerando, mesmo assim que um dia poderá voltar lá.

Pollyanna Gracy Wronski não gosta de finais, mas se empolga com começos.

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