terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Filho do Diabo e a Santinha

É tempo de finais felizes?

A doce melodia da canção do Víctor e Léo que embalou as lágrimas da ala feminina do Clã Wronski no final lindinho da novela Paraíso, foi sutilmente encerrado pelo comentário “engraçadão” do meu irmão:

- Mãe, o pai já foi te busca de cavalo? (...) – depois da negação de minha mãe e os risos da família inteira, ele ainda arremeteu – Nossa pai, o pai não é romântico!

Bem para minha tristeza, da minha irmã, as “pseudo-rômanticas” da família, meu pai não tinha ido mesmo buscar minha mãe a cavalo no dia do casamento, concordo que meu pai é romântico, mas não chegou a tanto.

É para quem me chamou de desalmada e sem coração diante das minhas criticas ao final da Caminho das Índias, talvez agora nossas opiniões devem ser as mesmas, pois o final de Paraíso, eu adorei. Adorei a fuga da Santinha no dia casamento, a mãe que foi pro convento, o pai que ajudou, o toque do berrante, o vestido da noiva (tirando a insana ideia de casar de botas, mas levando em consideração que ela não casou, então está valendo), enfim foi realmente lindinho.
Por mais que você nem tenha acompanhado a novela, ou só assistia no tempo em que tomava banho, jantava e se arrumava para ir para a faculdade como eu, mas tenho certeza que a cena final do filho do diabo e da santinha, fez muita gente vibrar e se emocionar. Certamente, essa é a grande jogada dos filmes e principalmente das novelas, trazer um pouco de fantasia e esperança de finais felizes à vida das pessoas.

Através de vários estudos, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), comprovou o impacto de das novelas brasileiras sobre o comportamento social de nosso povo, que afirma que as novelas não são somente uma forma de entretenimento, cultura e arte, mas que moldaram o comportamento e o pensar das pessoas.

Em uma dessas pesquisas o BID detectou que as novelas desempenham um papel crucial na circulação de idéias, em particular em nações em desenvolvimento com uma forte tradição oral, como o Brasil. Assim, o papel da televisão, especificamente as novelas em influenciaram mudanças significativas nas taxas de fertilidade e divórcio no Brasil nas três últimas décadas. As taxas de fertilidade no país caíram mais de 60% desde a década de 1970 e os divórcios aumentaram mais de cinco vezes desde a década de 1980. Durante o mesmo período, a presença de aparelhos de televisão teve uma elevação de mais de dez vezes, estando hoje em mais de 80% das residências.

O fator positivo das novelinhas ultrapassa a questão da influência no modo de pensar e agir, mas o incide ainda por criar uma “ilusão” e trazer uma esperança a um povo acostumado com o sofrimento e com as lutas do cotidiano. É por isso que a pureza e a inocência do sertão, estampando a felicidade singela de quem é feliz com as pequenas coisas encantou o público brasileiro.

Histórias de amor. Na novela Paraíso, viu-se o desencadear de uma lição que sabemos decorada, mas que comumente esquecemos, Maria Rita e Zeca, apesar dos percalços seguiram a voz do coração e enfrentaram todos os desafios a fim de desfrutar o seu grande amor. A história dita impossível, por querer unir o filho do coisa ruim com a futura freira, foi vencida pelo amor verdadeiro (é, na novela parece que existia, até eu acreditei).

E senhores, pois mais que seja ficção, mas quem é que disse que existem amores impossíveis? Enquanto as letrinhas iam subindo, ao som de “Deus e eu no Sertão”, recordei de uma frase de Luis Fernando Veríssimo que diz: "Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. O romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você." Bem na verdade, quando se quer realmente uma coisa nada é impossível, só não vale sufocar de saudade, desviar o olhar e ter medo de tentar.

Quantas vezes deixamos sonhos de lado e até amores por nos parecerem impossíveis, como diz aquela frase: “por ser impossível, foi lá e fez”. Por momentos as coisas podem até nos parecer impossíveis e inatingíveis, mas acredito que isso nos acontece porque não acreditamos em nós mesmos e porque não aprendemos a lidar com o tempo.

Pode ser que o tempo cale, mas ele faz amadurecer e serve para perceber que a distância do coração não impede para que sentimentos se apaguem, mas que somente se fortaleçam dia após dia. Assim o que muitas vezes está calado na voz, não está no olhar, mas está sim, só esperando o tempo certo para acontecer e olha, não precisa vim de cavalo branco e nem tocar berrante, basta vim verdadeiro que já é o bastante. Assim, o tempo foi aliado de Santinha e o Zeca, não os impediu de serem felizes, mas deu um final ainda mais feliz e romântico, não foi impossível, bastou esperar. Ah, essas novelas...

Pollyanna Gracy Wronski é Bióloga Licenciada, Acadêmica de Ciências Contábeis, acreditando no tempo, está esperando, e, com final de Paraíso, voltou a cantar... “tô te esperando vem bater na minha porta”.

Em meio a crise, a valorização.



Real cresce 31,44%.

Enquanto uns ressuscitam, outros ainda se afundam, o fato é que a crise possibilitou um crescimento considerável a economia brasileira, somado ainda com uma sensível valorização da moeda.
Segundo dados da OCDE, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e registros da Moody´s Agência o crescimento da economia brasileira de 1,9%, agora no 2º trimestre, representa um dos melhores resultados entre países que estavam em recessão.

Nosso país, teoricamente perdeu em crescimento somente para a Turquia que alcançou o crescimento de 2,7%, onde a economia lá havia encolhido durante quatro bimestres, diferentemente do Brasil, onde foram somente apenas dois meses.

Dentre as economias que desenvolveram seu PIB no segundo trimestre se destacam: o Japão com 0,9%, a Polônia com 0,5%, a Alemanha e a França com 0,3%, índices que comparam os valores do Produto Interno Bruto de 2008 e 2009 no mesmo período. A solução no Brasil foi um crescimento encabeçado pelo consumo interno, já no Japão por exemplo, o impulso veio pela demanda externa e pelos maiores gastos do governo.

Porém, enquanto uns crescem outros ficam estacionados, é o caso do México, Canadá, Grã-Bretanha, Chile, Estados Unidos e União Européia que ainda continuam em recessão, sendo que a Grã-Bretanha, é um dos países mais afetados pela crise financeira internacional, registrou uma queda de 0,7% do PIB no 2º trimestre.

Além do crescimento após a recessão e o despontar da primeira economia da América Latina a reerguer-se, o Brasil contou ainda com uma valorização da moeda de 31,44% em relação ao dólar, tal índice que foi o maior entre oito moedas comparadas pela consultoria Economatica.

O real foi comparado com moedas de sete paises latino-americanos Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela e México e também, o euro. Diante das análises, percebeu-se que em 4 de janeiro, o dólar estava cotado a R$ 2,27 e na última quinta-feira, dia 01 de Outubro, o valor negociado era de R$ 1,77.
Seguido do real, o peso chileno apresentou a segunda maior valorização no período, de 17,01% e o peso argentino foi a única moeda a apresentar desvalorização nos primeiros nove meses do ano, de 9,87%.

“Tal quadro demonstra que os investidores estão vendo o Brasil com bons olhos", afirma o economista André Sacconato, da Tendências Consultoria, que traz ainda que a trajetória de valorização do real mostra que estamos nos recuperando bem da crise econômica mundial.
Esse movimento além de evidenciar o crescimento do real, mostra que o dólar está perdendo força no mundo, em decorrência de fatores como a grande liquidez resultante dos pacotes de estímulo à economia em vários países e dos juros baixos nos Estados Unidos.

A valorização promoverá além de benefícios nos resultados das empresas listadas em bolsa que tiverem suas dívidas atreladas à moeda americana, um reflexo na diminuição do estoque das dívidas quando convertidas a reais.

Para o Brasil, a valorização do real é positiva para empresas importadoras, que têm seus custos calculados em dólar, e deverá ter reflexo na modernização do parque industrial brasileiro, ponto pra gente.

Bom, não é ótimo.



Estamos tentando melhorar.

- Ficou legal, Polly.

E a Polly torceu o nariz, viu aquilo tinha muito a melhorar ainda e sem conversa, remeteu:

-Vamos tentar de novo.

E fomos lá, pela terceira vez, ficou meia boca até. Concordo, depois de uma analisada mais com calma, percebi que tinha ficado bom. Bom, não ótimo, pois ainda podia melhorar.

Não precisa nem consultar o oráculo e confirmar as tendências astrológicas de uma capricorniana com ascendente em câncer, para perceber que o perfeccionismo é um das minhas principais características. Concordo que em alguns momentos isso pode ser positivo, pois pessoas assim tendem a dar o máximo para que as coisas realmente saiam conforme o planejado, porém o máximo, pode ser não só o máximo do esforço, o máximo da dedicação, mas o máximo do estresse, do nervosismo, da cobrança e da perfeição.

Como perfeccionista, assumo meu comportamento e às vezes não me orgulho disso, porque perfeccionismo em excesso faz mal. E faz mal não somente as pessoas que nos rodeiam, porque tem que conviver com as exigências e muitas vezes falta de maleabilidade dos perfeccionistas, mas faz mais mal a nós os exigentes em excesso que acabamos por colecionar uma porção de outros defeitinhos e problemas que aumentam nosso carma.

O fato é que os perfeccionistas aprenderam muito cedo que vivemos em um mundo altamente competitivo que dará lugar somente aos melhores e para isso as pessoas, o ambiente, o mundo coorporativo estariam constantemente avaliando seu trabalho, medindo suas conquistas, o que conquistou e o que deixou de conquistar.

Porém, para avaliar uma postura, um comportamento, o que é levado em consideração não é somente a quantidade de acertos, mas a falta de qualidade que conduziu aos erros e errar para os perfeccionistas é como levar uma facada no coração.

Segundo estudos, diante da avaliação do meio, essas pessoas podem ter aprendido a avaliar-se somente na base da aprovação de outras pessoas e tal comportamento pode conduzir a construção de uma auto-estima baseada em padrões e opiniões externas. Pior é que isto pode tornar as pessoas vulneráveis e excessivamente sensíveis a opiniões e criticas dos outros, desta forma o ser perfeito é a sua única defesa e assim, raramente algo sairá bom e o negativismo ou como eu costumo dizer “a boa dose de realidade” são companheiros em todos os momentos.

A convivência com alguns sentimentos, pensamentos é inevitável, tais como o medo de errar. A tendência é constantemente associar as falhas em seus objetivos de vida com uma falta pessoal, isso faz com que as atitudes sejam tomadas com um milhar de medidas de precaução, retardando ou mesmo não realizando uma ação ou atitude.

Os perfeccionistas geralmente comparam erros com falhas, onde tudo que deu errado tem um porquê e geralmente a razão do porquê, foi uma postura errônea deles, assim preparam suas vidas em razão de evitar erros. Mais perturbador que ele próprio reconhecer seu erro, é deixar os outros verem as suas falhas, onde o medo da desaprovação é constante e o temor de não serem aceitos é eminente. Assim, o ser perfeito é uma maneira de se proteger do criticismo, da rejeição, e da desaprovação.

Tais características formam um padrão de pensamento definitivo, onde ações serão sem valor se não forem perfeitas e assim as situações são vistas em perspectivas: “Eu não tirei um 90, não consegui tirar um 100”, seguido disso vem a fase dos deveria: “deveria ter estudado mais”, “deveria ter falado menos”, “deveria ter ficado calado”; e essa super ênfase, rígidas por si só, conduzem o modo de vida e de agir dessas pessoas.

E não pensem que o perfeccionista não se dá conta de seu comportamento. Percebemos e constantemente tentamos adotar uma postura mais light de viver. Estamos sempre nos auto avaliando e contamos com um considerável auto-conhecimento, sabemos o que estamos fazendo e o porquê disto. Logo, o que mais os incomoda não é a cobrança consigo mesmo, mas a esperança de que todos ao redor sejam perfeitos, de acordo com o modelo “particular de perfeição”, mesmo sabendo que ninguém é perfeito, nem o perfeccionista.

Aprender a conviver com os erros, ter mais firmeza nos meios e saber que o sucesso do fim depende do viver saudável destes meios e considerar que o bom, mesmo não estando ótimo pode ser bom, atenua o padrão perfeccionista de ser. Porém, entendam a gente senhores, afinal estamos tentando dar o que temos de melhor no que fizemos e isso não é pecado.