quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Welcome To The Game


Entre partidas de truco, pega-vareta, verdade ou desafio, apostas na mega-sena e filmes sugestivos; semana passada, recordei de um tempo não tão distante, o qual aventurava-me juntamente com colegas da primeira faculdade sobre uma mesa, em um animado jogo de azar: o pôquer. Este famoso jogo de cartas, conhecido mundialmente por possuir inúmeras variações, tem com objetivo formar a melhor jogada com as cartas que o participante tem na mão. Logo, um bom jogador não é aquele que sabe só sobre as combinações de trincas, duplas, quadras e seqüências, que formarão a melhor jogada, mas se trata daquele que sabe interpretar também, o jogo e o jogo de seus “companheiros de mesa”.

Dito um jogo de apostas, no pôquer é preciso pagar um preço para conseguir as cartas que serão necessárias para formar a melhor jogada e este é decido por todos os parceiros da mesa, onde no final somente o melhor deles vai levar o pote. Certamente, não preciso nem ressaltar aos senhores que se trata também de um jogo de pessoas, onde entender porque os jogadores apostam, como eles apostam ou não apostam, é um desafio. Desta forma, o pôquer pode ser considerado mais um jogo de pessoas do que um jogo de cartas e, por ser um jogo de cartas, com pessoas, podemos associá-lo ao jogo da vida. Como?

Pois bem, as cartas nada mais são do que as situações que encontramos no dia-a-dia, as quais acontecem e envolvem pessoas que estão ao nosso redor. O jogo então, não é possível somente com as cartas, tampouco, só com as pessoas. Parece confuso, mas é simples: as pessoas não vivem sozinhas, necessitam estar conectadas de alguma forma umas as outras mediante acontecimentos: destarte, as pessoas precisam das cartas para formar uma boa jogada, onde estas devem ser criadas mediante a oportunidades, para que os jogadores combinem e montem a sua estratégia, a fim de elaborar o lance perfeito para ganhar o jogo.

Dentro desta dinâmica, existem os jogadores mais audaciosos e os mais cautelosos. Os primeiros, ao se deparem logo no início com o um par de ases ou trinta de reis, imediatamente apostam todas as suas fichas no lance. Os outros, porém, preferem analisar o terreno, esperar a poeira baixar e só depois jogar. Assim, sabendo que o pôquer envolve previsão de acontecimentos, onde a sabedoria é fundamental: qual dos dois será o vencedor? Sinceramente, eu não sei e acredito que dependa sim das cartas, mas muito mais das pessoas.

Alguns crêem que a vitória será do jogador audacioso, o qual astuto, demonstra grande potencial e não perde nenhuma oportunidade, por acreditar que elas aparecem no momento certo. Todavia, alguns entendem que o vencedor será justamente o jogador cauteloso, pois este analisa bem as cartas, mede a jogada, tenta prever a próxima reação do adversário e somente depois disso, lança-as na mesa.

Muita petulância minha querer comparar o jogo da vida com um jogo de cartas, mas o que aqui quero pontuar é: o que faz de um jogador, um sucesso? Será a sorte? Será o aproveitar de oportunidades? Será audácia? Será o aproveitar do tempo certo? A realidade é que pessoas se excluem do jogo sem ao menos tentar, por se autodenominarem azarados ou despreparados, assim não percebem uma oportuna combinação de cartas e ação de pessoas e por insegurança não se lançam e perdem de ganhar um valor alto. Mas há também pessoas que não perdem tais oportunidades e apostam sempre, logo é conveniente lembrar que nem todos são os momentos certos e que de tanto apostar, as fichas podem acabar e este assim pode também, perder. A questão relevante é que quem está no jogo, está sim para arriscar, mas, quem pode dizer o momento certo de apostar? Posso estar com um full house de trinca e dupla e apostar, sem nem imaginar que meu oponente tem em mãos um royal straight flush, com uma seqüência de dez à às.

Jogar é bom, lembro, bem clichê, que o que não se pode esquecer ao final de tudo é: ganhando ou perdendo, o importante é competir. É preciso usar as cartas em busca da jogada perfeita, saber o preço que se está pagando por elas e com cautela, sem medo, muita certeza e vontade: apostar sempre! Ganhar é ótimo e faz um bem danado para o ego. Perder dói e traz dúvidas, angústias, mas renova.

Assim, depois de um tempo e algumas passadas de mesa, quem perdeu percebe que ganhou muito e até quem ganhou percebe que de alguma forma perdeu e como ninguém sabe do amanhã e o mundo dá muitas voltas, é só sacudir a poeira e no dia seguinte, mais forte, é sentar e virar a mesa. Convém lembrar que derrota e vitória são coisas relativas e o melhor jogador, seja talvez aquele que jogue por jogar e não somente pra ganhar, por que ganhar é conseqüência de quem está no jogo. Sim, a vida é um desafio que devemos encará-lo diariamente meus caros, então: BEM VINDOS AO JOGO!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A estação das flores


“A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega”. Pelas belas palavras de Cecília Meireles chego para perturbar a vossa sexta-feira, meus caros.

Sim, como diziam as mestras no tempo do primário, ao findar o mês de setembro recebemos de presente o sol que mais forte brilha, os pássaros que cantam, as flores que desabrocham: é o sinal da chegada da primavera. Com seu terno clima de otimismo e renovação, naquela época, tínhamos até a sensação de que o amor estava no ar. E talvez estivesse mesmo, lembro-me até das festas de chegada da primavera de meu tempo de criança, quando comemorávamos alegres e sorridentes o seu advento. A comemoração era grande, canções, flores na cabeça que abraçavam tanto o 23 de Setembro que marcava o início da temporada das flores como o 21 de Setembro, o dia da árvore.

Hoje, no entanto, sinto-me em uma sinuca ao comentar com meus alunos a chegada da primavera e o dia da árvore, pois meu discurso como professora, não espalha o amor pelo ar e nem chega perto do qual eu ouvia quando menor. Naquela época, realmente tínhamos o que comemorar, porém o cenário de hoje, sem exageros ou demagogias só nos trazem vontade de chorar.

Talvez, o que transtorne, não é o fato de recebermos a primavera e sim de nem termos tido oportunidade de desfrutar o frio do inverno. Noticiários estampavam em manchetes que teríamos baixíssimas temperaturas em 2008 e o que vimos foi um que outro frio isolado, com recorde de temperaturas sendo superiores aos 30º em plenos meses de Julho e Agosto. Os mais “esfriados” podem até ter ficado felizes com a história, entretanto a cada ano que passa o frio se distancia mais de nossa região, o que revela os efeitos do aquecimento global que vem nos afetando mais diretamente nos últimos anos. O problema está debaixo do nosso nariz e qual a nossa atitude frente a ele?

Para os senhores terem uma idéia, o lugar de maior concentração de biodiversidade mundial é vitima de queimadas e o constante desmatamento e, segundo dados de até Julho de 2007, cerca de 730.000 km2 da Amazônia já foram desmatados. Muito? Certamente é, e sabendo da importância desse local para o mundo é que algumas pessoas e até países estão se sensibilizando com a causa. Um deles é a Noruega, que em um acordo firmado com o governo brasileiro se comprometeu em doar US$ 1 bilhão para o Fundo Amazônia até 2015. Jens Stoltenberg, primeiro-ministro da Noruega, anunciou no último dia 16 que vai investir a quantia no Brasil para a implantação de políticas de redução do desmatamento na Floresta Amazônica. O país será o primeiro doador do chamado Fundo Amazônia, criado pelo governo brasileiro para arrecadar recursos com o objetivo de preservar a floresta.

Curioso que quem vê o problema de fora parece estar mais consciente com a causa do que nós, próprios brasileiros que convivemos diariamente com a situação e nos sentimos “de mãos atadas” para fazer qualquer coisa. Os do Sul, falam que o problema é no Norte, os do Norte precisam da madeira do desmatamento para a sobrevivência e assim o problema cresce e o que nos resta é lembrar dos tempos em que se comemorava e se lembrava a importância da árvore e a chegada da nova estação.

Diante disso, ouso até discordar de Che Guevara que uma vez disse: “Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira”. Não sei não senhores, do jeito que vão as coisas, os poderosos acabarão com tudo e restará para meus sobrinhos e seus filhos, comemorar rosas, árvores e primaveras por fotos, filmes e histórias de tempos passados, pois a nossa ganância e nosso descaso, calarão os pássaros, pintarão flores em cinza, deixarão árvores verdes em tons de fogo e não permitirão sentir o cheiro do amor no ar. Talvez será assim que futuramente comemoremos a primavera e as árvores: com um fúnebre soar de trombeta.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Mera coincidência?

Um belo dia você resolve mexer nas suas quinquilharias que estão guardadas naquela caixa empoeirada em cima do seu guarda-roupa. Entre pó, papéis de bala e fotos, você encontra uma letra de música e uma foto de uma pessoa muito querida. Aquilo lhe martela a cabeça e sem mais porque você resolve ligar o rádio e, surpresa! Toca a tal música, você fica confuso com o acontecido e nas ondas da internet, recebe notícias da tal pessoa. Será mera coincidência?

Interessante como em alguns momentos da vida, ela parece querer nos pregar peças para ocupar a nossa ociosa mente. Certamente, os senhores já devem ter se perguntado se a história de nossas vidas já possui um início, um meio e um fim traçados; se algo ou determinada coisa nos aconteceu por simples coincidência ou por obra de sei-lá-o-que.

O fato é que é quase impossível encontrar alguém que não tenha se deparado com algum tipo de coincidência e principalmente que não tenha tentado encontrar alguma forma de explicá-la. Dentre as TPEAI – teorias para explicar acontecimentos inexplicáveis, cada uma trás uma visão particular sobre o que acontece.

A teoria cética afirma que isso “no ecxiste”, e nem a mais impressionante das coincidências os surpreende. De acordo com essa teoria, tudo é acaso e o que acontece são convergência de fatos. Impressiona, impressiona. Mas destino, situações pré-determinadas, são coisas que não cabem no pensamento desse grupo. Já os mais espiritualistas atribuem as coincidências a fatos guiados, medidos e disponibilizados por obra de Deus, não permitindo assim espaço para as coincidências. Portanto, todos os encontros, todas as vivências, têm as suas razões de existir e acontecer, como de fato, acontecem.

Na psicologia, encontramos as herméticas teorias de Jung e Pauli sobre a “sincronicidade”, e outras que, hoje em dia, dividem as coincidências em dois tipos: as triviais, como séries de números ou divisões surpreendentes de cartas e as significativas que envolvem pessoas, eventos, espaço e tempo. Nas significativas temos as coincidências literárias, as de aviso, as úteis (quando uma coisa certa acontece na hora certa) as de o-meu-deus-como-o-mundo-é-pequeno (de assistir aquele filme que foi feito pra você, naquele exato dia) e as encantadas, de incidentes que lembram truques do além.

Acreditando no sincronismo destaca-se também a teoria astróloga, que define os acontecimentos como sincrônicos e acontecem ao mesmo tempo porque estão conectados entre si. Mesmo que isso não apareça à primeira vista, à luz da razão, devemos prestar atenção a essas pequenas seqüências que, podem nos preparar para um grande momento de reflexão e ainda nos levar a conclusões fora das nossas interpretações lógicas.

Acreditar ou não em coincidências, crer em um destino pré-existente, numa força que comande esses cruzamentos é algo pessoal, o que instiga é a busca pelo porquê daquilo estar acontecendo, o que pode ser muito válido, pois nos leva a uma reflexão de que rumo estamos dando à nossas vidas: se estamos só nos deixando levar pela maré ou se estamos realmente remando para algum lugar.

Gosto da idéia de acreditar que algumas coincidências acontecem para nos fazer acordar diante da nossa (às vezes) apaticidade frente aos acontecimentos cotidianos; onde simplesmente não nos basta só esperar o barco passar, mas sim pular nele e viajar em busca de um ideal.

A questão é que não podemos fazer de nossa vida um “aguardar” de momentos certos e de coincidências, para depois tentar traduzi-las, pois somos construtores e destruidores de nossa história, logo, sentar na escada esperando a dona do sapato de cristal ou esperar a seqüência de cartas perfeitas no pôquer e mesmo acreditar que a música no rádio foi um “sinal” que algo está por vir, são fatos visíveis de quem só vê a vida passar e nem participa dela. Arriscar e conseqüentemente viver todos os momentos de nossa existência e não aguardar somente as coincidências, é perigoso, pode até doer, mas é preciso e indispensável!

Beijo especial para amiga Seile que sempre marca presença.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O que é o mundo pra você?



Todo dia, todo mundo corre atrás de alguma coisa. E o mundo gira e espera uma resposta sua em relação a ele. Curioso: todo mundo, fala no mundo, se preocupa e esquece, e vive nele: o conhece. Eu, você o conhecemos. Entretanto, ao me deparar com a pergunta: “O que é o mundo para você?”, faltaram-me palavras para descrevê-lo de imediato e logo pedi um tempo para pensar.

Talvez, o universo, uma bola girando, um mistério ou até mesmo o “eu”, seriam respostas rápidas e previsíveis de se ouvir. Todavia, o que nos parece tão familiar, tão óbvio, ora se torna complicado e indescritível. Assim, buscando respostas para minha questão e diante da minha estaticidade perante a mesma, recorri à ajuda de amigos, onde objetivei junto com as suas proposições, compreender mais sobre o próprio mundo.

Para minha surpresa, todos os quais indaguei, pediram-me o mesmo tempo para realizar esta árdua tarefa. Alguns iniciaram, buscando saber em que âmbitos deveriam o descrever: se geográfico, se metafísico; porém, a proposta era liberdade de pensamentos, ou seja, ao falar em mundo, o que vem à sua cabeça?

O que presenciei foi um desfile com diversas respostas e reflexões, que foram de crianças a pensadores, mas o que mais chamou a atenção não foi à multiplicidade das respostas, mas sim a importância da coletividade ao falar no “amado mundo”. Para uma filósofa de formação e profissão, “o mundo é um conjunto de idéias em ligações,, onde juntando um conceito geográfico, reconheço o meu mundo: cheio de imaginações, de fantasias, de sonhos, é uma forma de ver a beleza do mundo, isto me remete a filosofia, sempre criando e buscando. Assim penso eu que sou o meu mundo, pois o que faz parte da minha vida é o que gira ao meu redor, família, emprego, amigos, tudo o que faz parte realmente da vida de um ser”..

“Um universo de possibilidades”, foi à definição dada por um sociólogo, onde o mundo é um paraíso natural onde à vida surge, se perpetua e desaparece em meio ao equilíbrio e a harmonia. Onde impera a lei da diversidade e da sofisticação da simplicidade. Uma realidade cultural ou humana, que é ambígua, onde o homem é motivo de orgulho e de vergonha.

Não divergindo, mas partindo da visão reflexiva para a geográfica, na visão de um profissional da área, o mundo é definido conforme eu direciono meu olhar para ele. É onde estamos, o planeta, o universo, o espaço geograficamente. Logo, entendemos que humanamente, o mundo é o meu espaço, onde estou, trabalho, produzo e vivo.

Para um estudante é uma constante de acontecimentos e transformações, é um universo só nosso, só humano, que nos compreende e que nos suporta, acima de tudo, onde se passa a minha vida, onde tudo acontece para mim. Para um sonhador, é um lugar, um instante, um sofrimento constante, uma espera gigante, um acontecer instantâneo, inevitável e sem volta.

Viajando por todas essas teorias criadas para a solução da minha questão, compreendi os vários mundos e lembrei de Cazuza que dizia que o mundo é um moinho e vai triturar teus sonhos tão mesquinhos e vai reduzir as ilusões à pó. Moinho, máquina, sujo, lindo, ilusão, tudo e nada. Certamente, chegar a uma proposição final, foi um desafio, para tanto, uma só palavra não seria o bastante para abarcar as multi-facetas que o mundo apresente. É sim, uma totalidade, é o universo. È o homem, sua existência, sua razão, sua falta de razão, seu instinto e as circunstâncias de sua vida e a totalidade de suas relações com terra, fogo, água, ar e demais seres vivos.

Dependendo da cor de sua lente, o mundo pode ser o que você quer que ele seja: sonho, ilusão, amor, paixão, família, dinheiro, um tempo desordeiro. Não, senhores não interpretem isso como um acesso egocêntrico, pois o tempo para pensar, me fez analisar que esta esfera, esse conjunto de astros, é antes de tudo coletividade, é troca, é dependência. Onde como numa cadeia alimentar, nada sobrevive sozinho, nem terra, nem homem, nem vegetal, nem pensamentos ou poeira cósmica.

Quiçá, poderia descrever o mundo em cores e suas manifestações: no cinza do pensamento, o preto do luto, o dourado da descoberta, o vermelho da paixão, o branco da paz e o verde da esperança, mas onde cada cor precisa de outra para ter seu brilho. O que seria do mundo do José, sem o mundo da Maria? O que seria do mundo do lobo, sem a existência do cordeiro; de que adiantaria o perdão, se não existisse o mundo dos erros; o que seria da minha resposta, sem a pergunta do Fernando? Talvez, o mundo seria um tudo, que sozinho, é um nada: uma grande interrogação onde a toda a pergunta precisa de uma resposta. Em busca de respostas e correndo atrás do dependente mundo, eu te pergunto: O que é o mundo pra você? Aguardo sua resposta.

Agradecimentos especiais: Cristianela Susin, Andressa da Rosa, Márcio Cavasini, Renata Agnoletto, Izabel Scalabrin, Cristiano Flech, Jader de Santana, Eliane Schwerz e Fernando Rodrigues que muito contribuíram para a elaboração desse artigo.