sábado, 29 de agosto de 2009

Rótulo, todo mundo tem o seu.


Infelizmente

Parece que o título de Miss Universo pesou nas mãos, ou melhor, na cabeça da venezuelana Stefania Fernandez no último domingo. A garota de 18 anos venceu o concurso e protagonizou uma cena um tanto quanto constrangedora no momento em que fora receber a coroa da Miss 2008, a também venezuelana Dayana Mendonza que por um misto de descuido e emoção deixou a coroa de R$ 300 000,00 cair no chão. Além das viagens internacionais, do prêmio em dinheiro, dos estudos, durante seu ano de reinado a menina Stefania irá ostentar o rótulo da mulher mais bela do mundo. Tarefa fácil? Acredito que não, pois certamente compromissos, eventos e um dia a dia agitado exigirão dela um padrão moldado de comportamento que por muitos momentos não demonstrará sua essência.

Logo, surge uma pergunta: quem já não foi taxado, julgado ou sofreu com a rotulação padronizada de comportamentos alguma vez na vida? Segundo o dicionário Aurélio, rotular significa: colocar rótulo ou etiqueta em. Qualificar de modo simplista. Classificar. E a tal da rotulagem é um grave e lendário problema, porque diariamente recebemos os tais, como uma apreciação, muitas vezes errônea, de nossa postura e de nosso modo de ver as coisas e viver os acontecimentos.

Para os noveleiros de plantão basta voltar o olhar para a “Santinha” da novela Paraíso ou para o Tarso da novela Caminho das Índias. Ambos, de maneiras diferentes sofrem com o julgamento das pessoas. A moça do Paraíso recebeu uma herança da mãe ainda viva, a missão de virar santa por obra de Santa Rita de Cássia e, desta forma vê-se em maus lençóis quando decide seguir seu amor e tem que enfrentar a crítica de seus conterrâneos perante a sua decisão. Com o tal do Tarso, onde a coisa é ainda pior, pois a mãe Melissa (a rotulada perua), não enxerga a doença do filho, que por ser deficiente mental é taxado como louco pela sociedade.

Passeando pela ciência, lembro ainda de Einstein! Tal gênio e cientista, fora rotulado, por um de seus professores, como alguém que não seria nada na vida, simplesmente por que possuía aptidão para a Matemática e as Ciências e não para as Línguas. Interessante não é mesmo, o problema, senhores é que isso não é coisa de Miss Universo, nem papinho de novela ou tema de ciência moderna, o rótulo incomoda e parece estar longe de ser rasgado e posto no lixo por nós.

Tem aquele que por ser um pouco moderno e usar roupa preta com as calças caindo é chamado de maconheiro. Aquela que vai à igreja, anda com terço no bolso e não tem namorado é a certinha. Se é mais sério que os demais é o antipático. O de óculos de fundo de garrafa que senta na primeira carteira da classe é o nerd. O que tem a pele mais escura que os demais é o preto e ainda ladrão. A que é mais liberal e gosta da saia um pouco mais curta é a vadia. O que não abre mão da cervejinha é o bêbado. E o desfile não para por aí, a gama de rótulos coloridos e preto e branco com escritas, desenhos e uma série de acusações é imenso. Imenso, ridículo e um saco.

Eu, que aqui vos falo, convivi e ainda tenho que ter a paciência de agüentar a convivência com inúmeros desses rótulos que muitos e muitas ficam colando em minha testa por aí. Tudo bem que eu conheço um punhado de gente, mas nem por isso todo mundo me conhece, muito poucos conhecem minha essência e ninguém tem o direito de me julgar por isso. Nem a mim, nem a vocês, nem a ninguém.

O que acontece é que o juiz julga por si mesmo e rotular é assim, é definir os outros, colocando, muitas vezes, os nossos gostos como modelo a ser seguido. Claro que desta forma, há uma facilidade imensa em estabelecer padrões de comportamento, modos de vida e até níveis de inteligência. O que, porém muitos custam a reconhecer é que existem diferentes tipos de inteligências, de aptidões e de gostos e que estes precisam ser respeitados, pois o que se vê com os olhos não é aquilo que se passa no coração, isto é, visualmente não é possível conhecer a verdadeira essência das pessoas, quais são seus gostos, os seus anseios e desejos.

Ouso dizer que rotular uma pessoa é covardia de quem o faz, não somente pelo ato em si, mas pela facilidade do ato, pois este limita a pessoa a seu rótulo. Quantas vezes o rotulador não se estranhou com a atitude do rotulado, porque aquela não seria uma postura comum a ela. O nerd que foi mal na prova, a certinha que dança funk e bebe wisk, a vadia que vai à igreja, o antipático que conta piadas. Enfim, viram como é, estamos programados a não nos relacionarmos com as pessoas, mas com a imagem que fazemos delas, muitas vezes obrigando-as a ter o mesmo padrão de atitude que julgamos que ela tenha que ter.

E quem é a mesma pessoa a vida inteira? Quem não muda de atitude, de roupa, de carro e de comida preferida? Rotular é adotar uma maneira de agir e pensar que nos condiciona a ver só aquilo que queremos, é erroneamente acreditar que uma lagarta vai ser a vida inteira lagarta e não poderá nunca ser borboleta, que a semente nunca poderá virar fruto, ou que a rainha jamais poderá perder a majestade, derrubando a coroa. E se importar com os rótulos adianta? Por mim eu vos respondo: talvez não deveria, mas o problema é que se rotular é definir os outros, colocando, seus gostos como molde a ser seguido, eu me importo sim, porque não vou seguir o gosto de ninguém a não ser o meu.


Pollyanna Gracy Wronski é Bióloga, Acadêmica de Ciências Contábeis e acumula os rótulos de certinha, nerd, revoltada, antipática, infantil, metaleira e mais um monte que nem lembra mais.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sou guerreiro, tô solteiro...



Quero mais o quê?

Difícil que não conheça uma das mais tradicionais músicas cantadas em tempos de Carnaval, não é mesmo? Para quem lembrou dela, impossível ter deixado de cantá-la no último sábado, dia 15 de Agosto: o Dia dos Solteiros. Logicamente, que eu não iria deixar de comentar esta data com os senhores, apesar de lembrar sua passagem somente no final da tarde, foi tempo suficiente para agradecer a sua existência.

Alguns dos senhores devem ficar abismados em somente saber da existência de tal dia e concordar que tal data não tem importância e repercussão no calendário comercial, porém é um nicho de mercado que deve ser apreciado, pois dados revelam que está parcela está em constante crescimento. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em uma pesquisa feita ainda do ano de 2008, existem quase 74 milhões de pessoas solteiras com mais de 18 anos no país, tal número equivale a 30% da população total do Brasil.

De acordo com o ranking, as três cidades com maior número de solteiros são respectivamente: Brasília, Salvador e Belo Horizonte e os motivos para o estado civil solteiro, desinteressado, feliz (assumidamente) são vários: opção pessoal, divórcio, mudança para uma capital em busca de estudo ou trabalho, entre outros.

Outro dado curioso apresentado pelo estudo é a indicação de três tipos de solteiros: o temporário, o transitório e o definitivo. O primeiro faz referência às pessoas jovens que ainda não se casaram ou que adiaram o matrimônio em função do estudo ou do trabalho, e que não moram com os pais. O transitório se refere à pessoa que se separou e que está morando sozinho por opção, ou até que encontre outro companheiro. E o último caso, o definitivo, que faz menção às pessoas que não pretendem se casar, ou não querem se unir novamente e desejam morar sozinhos, pois prezam sua independência e conseguem mantê-la pois economicamente falando o grupo é formado por pessoas que ganham, em média, dez salários mínimos.

Todavia, há os solteiros felizes e os deprimidos. Os felizes adoram sua posição e convivem sem problemas com a condição, já os outros que querem o mais rapidamente se livrar dela. É o caso de Kátia, uma bancária de 35 anos que foi a protagonista do último caso da Liga das Mulheres no Programa Fantástico. Ela está solteira a dois anos, mas já foi noiva duas vezes. O primeiro relacionamento durou quatro anos e terminou porque houve muitas traições. Já o segundo, que ela conheceu pela internet, não deu certo porque ele era mais novo e tinha outros planos. Kátia já tem enxoval, sonha em casar na igreja, tem planejado na cabeça como deve ser o pedido perfeito de casamento e se não for feito corretamente, não vai rolar. Ela, em pleno século XXI, ainda acredita em príncipe encantado e pelo jeito vai continuar sozinha um bom tempo.

Claro que tem outras que dá vontade de ficar junto, no caso das mulheres as datas comemorativas, porque a gente ganha presente e é lembrada, para tanto esquecer esses poucos dias satisfatórios de estar namorando, dei uma navegada na internet e relacionei alguns BONS motivos para estar solteiro, não só no dia dos solteiros, mas todos os dias do ano. O primeiro e o mais importante é a LIBERDADE, que para pessoas que precisam de espaço e surtam às vezes com o chicletismo (como eu), isso é fundamental e o que mais causa inveja aos compromissados por aí. A gente pode fazer o que quiser, na hora que bem entender, sem ouvir reclamações ou cobranças: delícia!

Outro é não ter que conviver com alguns hábitos irritantes que para quem é casado ou vive junto, torna-se um saco. As mulheres, por exemplo, surtam com tampa de vaso levantada, toalha molhada em cima da cama, cueca jogada pelo quarto. E os homens não suportam calcinha pendurada perto do chuveiro, às dezenas de pares de sapato jogados embaixo da cama e o resultado quase sempre é briga.

Mais uma: quem é solteiro economiza! Não é preciso gastar com presentes, flores, jantares românticos e motel na série de datas comemorativas: Dia dos Namorados e aniversários de namoro, casamento, primeiro beijo. Além disso, a conta telefônica também é menor, já que não existe aquela enrolação típica dos apaixonados.

Quem é solteiro tem tempo pra si mesmo e pode investir em si próprio. Pode fazer o que gosta: ouvir música, ler, caminhar. Pode aceitar fazer aquele curso fora da cidade, ou encarar a promoção na empresa onde trabalha e crescer profissionalmente, coisa que para os compromissados ou dá dor de cabeça ou é impossível. Além dos compromissos sociais chatos que não precisam ser agüentados: por exemplo, a festa na casa da tia-avó do namorado, em pleno sábado a noite. Tenha dó!

E ainda tem aquele famoso e clichê dizer, que é a mais pura verdade: “solteiro sim, sozinho nunca”, que até para os mais exigentes, isso é fácil de resolver e um estalar de dedos e uns goles de cerveja! Lembram das estatísticas do IBGE? Tá cheio de gente solteira por aí e para quem não quer casar e nem namorar tão cedo, se divertir é uma ótima pedida. E isso ainda não faz referência apenas a parceiros amorosos, mas também a amigos. Quer coisa melhor que viajar com uma porção de bons amigos? De sentar-se à mesa de bar e rir até as altas da madrugada? Enquanto certos casais se isolam, os descompromissados podem muito bem manter o campo do relacionamento interpessoal ativo.

E pode ser até que o amor realmente exista (ataque de risos), quem sabe um dia, céticos como eu o encontrem (não, eu não estou procurando, só pra deixar claro), mas e a dúvida? A gente vê tanta coisa por aí, pessoas que estão acompanhadas, mas que na verdade estão sozinhas... Na dúvida, melhor sozinho do que mal acompanhado e nunca é tarde para comemorar, porque solteiro pode comemorar todos os dias, sem ouvir reclamações.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

No meio da Selva de Pedras...

... muito dinheiro!

E em meio a uma cordilheira de montanhas petrificadas no maior centro econômico da América Latina, quem esperava encontrar os gritos, correria e desorganização dos antigos pregões da antiga Bolsa de Valores do Estado de São Paulo, encontrou um silêncio, muita organização e números crescendo a todo minuto.
A evolução das negociações e da modernização da maior bolsa de valores do Brasil, foi gradativo, mas após 2008, a mesma sofreu grandes mudanças e passou a chamar-se de BM&F BOVESPA S.A. - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros. Neste período aconteceu a integração entre Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) e atualmente as companhias hoje formam uma das maiores bolsas do mundo em valor de mercado, a segunda das Américas e a líder no continente latino-americano.

Desta forma, líder no mercado de valores e derivativos da América Latina, a missão da BM&F BOVESPA é atuar na dinâmica macroeconômica de crescimento do mercado latino-americano e posicionar não apenas a Bolsa, mas também o Brasil como centro financeiro internacional de negociação de ações, commodities e outros instrumentos financeiros, com excelência operacional e atitudes socialmente responsáveis.

Quem adentra nos salões modernizados do espaço e acompanha a história da balbúrdia que eram os pregões, se surpreende com a velocidade das transformações e na forma com que estas se transformaram-se em diferencial competitivo, onde a BM&F BOVESPA apresenta atraentes opções de investimento que passeia a ações, títulos e contratos referenciados em ativos financeiros, índices, taxas, mercadorias e moedas nas modalidades a vista e de liquidação futura.
O crescimento e a atual estabilidade da bolsa são admiráveis, principalmente para quem tinha medo da crise. O que se verifica ao analisar o montante gerado através das movimentações feitas pelo espaço BM&F e Bovespa em Julho de 2009 é uma movimentação do segmento Bovespa em cerca de R$107,47 bilhões, totalizando 7.021.826 negócios. No mês anterior, o volume foi de R$112,74 bilhões, com a realização de 7.044.608 negócios.

Já o segmento BM&F (incluindo derivativos financeiros e de commodities) totalizaram 30.581.912 contratos negociados em julho, com média diária de 1.390.087, e giro financeiro de R$2,20 trilhões. Em junho, foram registrados 39.451.916 contratos negociados, com média diária de 1.878.663, e volume financeiro de R$2,66 trilhões.

Para o período, o índice Ibovespa, encerrou julho em alta de 6,41% a 54.765 pontos, assim como todos os outros índices que também apresentaram valorização. Outro destaque foi o volume financeiro do mercado secundário de renda fixa privada, que totalizou R$ 37,74 milhões, ante R$ 14,93 milhões em junho. Tal índice é o mais importante indicador do desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro, pois retrata o comportamento dos principais papéis negociados na BOVESPA e seu valor atual, em moeda corrente, o índice reflete não apenas as variações dos preços das ações, mas também o impacto da distribuição dos proventos, sendo considerado um indicador que avalia o retorno total de suas ações componentes.

A nova bolsa tem procurado ao longo dos anos a popularização de compra e venda de ações, de forma que qualquer cidadão brasileiro que tenha interesse em investir na bolsa, possa concretizar seu negócio. Para isso, apostou em vários programas e palestras que percorrem o Brasil e transmitem o ideal da Governança Corporativa. Esta se trata de conjunto de mecanismos de incentivo e controle que visam a assegurar que as decisões sejam tomadas em linha com os objetivos de longo prazo das organizações.

A BM&F BOVESPA, com a governança corporativa quer contribuir substancialmente para o alcance de metas estratégicas e a criação de valor para todos os seus acionistas, respeitando os relacionamentos com as partes interessadas, onde tal sucesso é evidenciado com a velocidade da liquidez apresentada pelos seus negócios.

E fiquem abismados, não é preciso angariar informações dentro do espaço ou na sala de aula de um curso universitário para poder investir na bolsa, nem ter um grande montante ou patrimônio para investir, quem tem realmente interesse em ter um pedacinho das grandes empresas brasileiras é só fazer parte de um clube de investimento e acompanhar o vai e vem do mercado, onde mesmo pequeno o investimento na bolsa hoje é um dos mais rentáveis e seguros. Vale a pena, quem se arrisca?

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Você tem coragem?


Coragem: S.f. 1. Firmeza de ânimo. 2. Energia ante o perigo, os reveses, sofrimentos físicos ou morais. 3. Intrepidez, bravura, ousadia, arrojo. 4. Atrevimento, cara-de-pau.

Quem é que não teve (ou ainda tem) uma vontade pequenininha ou até mesmo muito grande, uma vontade que ocultou ou não a executou por faltar àquela dose de coragem? Não vem que não tem, todo mundo tem. Pode ser qualquer vontade: de fazer uma pergunta estranha no meio da aula, de dançar no meio de todo mundo, de roubar um brigadeiro antes dos parabéns, de dizer “aquelas verdades” entaladas na garganta, de usar um vestido mais curto, de falar em público, de andar de avião, de pular de bung jump, de mudar o cabelo... Enfim, alguns podem até ter encontrado a coragem e conseguiram matar a vontade, mas muitos se sentem aflitos por ela não ser sua amiga.

O coração bate mais forte, as mãos parecem que tremem diante do desafio a ser vencido e, você tomado pela emoção, desiste. Emoção? Será que o medo e o excesso de emoção são os culpados por passarmos uma série de vontades? Bem, segundo o neurocientista e psicólogo clínico brasileiro Julio Peres, a falta de coragem está ligada a razão e não à emoção como desconfiávamos.

O neurocientista, ao longo de sua carreira, especializou-se na superação de traumas, no exercício de estimular a coragem em seus pacientes e de ensiná-los a superar seus medos. Em um de seus experimentos, fez um mapeamento de como se dá essa superação por meio de tomografias computadorizadas que mostram os efeitos neurobiológicos da psicoterapia em pessoas traumatizadas. E as conclusões são surpreendentes, pois a principal área estimulada é o córtex pré-frontal, a região ligada ao intelecto e ao planejamento de ações, e não a amígdala, uma estrutura cerebral correlacionada com o impulso emocional, a agressividade e o temor.

Logo, de acordo com tais proposições, podemos conceber que a coragem é uma estratégia mental para superar o medo e o ato corajoso é resultado de um julgamento consciente, onde julgar significa avaliar e analisar os caminhos possíveis diante de uma determinada situação, comportamento totalmente ligado à razão.

Vencer o medo e realizar aquelas pequenas ou grandes vontades necessita de análise, equilíbrio e responsabilidade. Assim, dizer que eu vou “ousar”, ultrapassar meu limite é dizer que eu o fiz conscientemente, não apenas no impulso, logo tal ato assume mais peso e importância, onde de fato a coragem mais profunda é um processo de conscientização que tem a ver com ousadia, com conhecimento, determinação e capacidade de análise das variáveis.

Ok, mas aí os senhores podem me questionar: se a coragem é um atributo comum a todos seres humanos e não uma qualidade de poucos, porque uns tem “mais coragem” que os outros?

O problema está em nossa memória, ela é tão cruel que tem o hábito de registrar com mais força e precisão as lembranças dolorosas e desta forma, por nos recordarmos somente de nossos fracassos, acreditamos que somos medrosos, covardes, impotentes e não agimos conscientemente com coragem a fim de vencer nossos medos. E ainda some isso a variável de que tais pessoas tem uma tendência maior de se atirar na vida, e de enfrentar desafios, que outras. Para elas, a vontade de sentir o gosto das experiências é mais forte que o medo e a perspectiva de um arrependimento posterior. Os conhecidos exploradores, portanto, são os mais propensos a tomar atitudes ousadas e são consideradas e percebidas como pessoas que realmente amam a vida, se divertem com ela e a vivem intensamente, mesmo com suas feridas, raspões e cortes.

É difícil encarar os medos e vencer os riscos? Certo que é! Mas se estamos na vida para viver, ponderar e analisar as situações são atitudes que devem ser tomadas, e acredito que é melhor se arrepender de algo que se fez, do que se deixou de fazer. Portanto, não tenha medo, encha-se de coragem, fortaleça-se, traga consigo pensamento positivo, cerque-se de pessoas que lhe amem e que possam lhe ajudar verdadeiramente, respire fundo e não tenha medo: saboreie o brigadeiro, firme o pé e pule, vista o vestido e desfile, limpe a garganta e fale, pinte o cabelo e adore. Sem medo, vai fundo!

domingo, 2 de agosto de 2009

Acorda, é hora da escola.


E as aulas estão voltando! Que bom! Aproveitar as férias para descansar o corpo e a mente é ótimo, mas retornar é ainda mais agradável! Bem, mas os senhores devem se perguntar se as palavras acima são colocações da Acadêmica Pollyanna ou da Professora Polly. Deveriam ser das duas, mas por hora lhes afirmo que o entusiasmo da acadêmica é maior que o da educadora. Por que?

Semana passada, em dias de formação continuada com colegas professores, debatíamos questões da aplicabilidade do conhecimento cientifico, onde a atual preocupação é inseri-lo de acordo com a realidade do aluno, de forma que a compreensão de conceitos seja concebida como em um total importante para a sua vivência e que seja próxima ao seu cotidiano.

Em meio ao debate com os mestres e ao falatório dos meus botões, pensei assim: “Então, o conteúdo deve ser trabalhado de forma que se torne atrativo aos nossos alunos!” Pois bem, no mesmo momento pensei: atrativo? O que é atrativo para nossos alunos de hoje? Difícil e diria quase que impossível de responder.

É mais do que comum para um professor ouvir em meio a sua trabalhosa e bem preparada aula de genética: “Para que eu vou aprender isso?” Ou mesmo no meio de um cálculo de área de um terreno, ter que escutar: “Onde é que eu irei usar isso em minha vida?” Aonde tal comentário, muitas vezes vem seguido de um: “Eu odeio essa matéria!”

Confesso-vos que isso além de ser decepcionante é revoltante, pois mais complexo do que trabalhar com jovens que tem dificuldade na compreensão dos conteúdos é ser obrigado (porque não se pode escolher para quem vai dar aula), a trabalhar com jovens sem curiosidade e sem vontade de aprender nada.

Então, eu pergunto: cadê nossos alunos curiosos? Onde estão aqueles jovens dinâmicos e investigadores? Adolescentes sedentos por conhecimento? Pessoas com objetivos e metas em sua vida, com ânsia em ingressarem em um bom curso universitário e capaz de escrever a sua própria história? Sumiram? Extinguiram-se? Ou estão dormindo em sala de aula?

Nesse mesmo dia de capacitação, lembrava junto com uma professora minha dos tempos em que eu sentava minha bunda em um banco escolar no Ensino Médio. Recordávamos de minha turma, que era composta em sua maioria por alunos que se empenhavam na confecção e elaboração dos trabalhos. Éramos uma turma que promovia grupo de estudos, reuníamos para estudar para as provas, indagávamos os professores e não nos contentávamos com uma simples resposta.

Tínhamos claro em mente que não importava se o professor era alto ou baixo, gordo ou magro, se faltava alto ou sussurrava em sala de aula, se adotava uma postura mais séria ou permitia uma dinamicidade capaz de tratar do conteúdo: de piadas sem graça e do placar do Campeonato Brasileiro. Não importava como ele trabalhava, mas sim importava saber que ele estava ali para nos abrir as portas para o mundo do conhecimento, que tem um tamanho imensurável e que seu papel era ser mediador deste conhecimento.

Talvez, essa vontade que tinha na época (e que ainda tenho, pois ainda sou estudante) e a admiração por meus professores, fizeram com que sabiamente escolhesse minha profissão: PROFESSORA.

Devo relatar a vocês, porém, que por momentos frustro-me quando entro em algumas salas de aula e percebo muitas sonolentas e apáticas caras frente a um mundo a ser descoberto. Logo, indago-me novamente: não restam resquícios da minha geração? Feliz, percebo que não, pois em meio a olhares sonolentos, sempre existem olhares brilhantes e atentos ao que vão escutar. Olhares que compreendem a sua capacidade de aprender, compreender e mudar!

É fácil perceber que a escola mudou. Antigamente, nós docentes só contávamos com o giz e o quadro para o nosso exercício, atualmente dispomos da internet, de modernos aparelhos áudios-visuais que auxiliam professores e alunos no interesse pelo conteúdo.

Interesse? O que me parece é que para parte dos alunos, tudo é mais interessante que o conteúdo. Nem o quadro, nem o giz, nem os slides, nem o vídeo explicativo, nem a redação de volta às aulas desperta do sono. Senhores: sem redação nem aprender a conjugar verbo se consegue!

Até quando as bobagens do mundo globalizado serão mais atraentes que o aprendizado e a formação profissional? Até quando a culpa vai sempre ser dos desvalorizados profissionais da educação? Quando é que os alunos irão despertar de sua soneca e descobrir que precisam escrever sua própria história e não se esconder atrás da imagem de seus pais? O que falta? Curiosidade? Ambição? Objetivos? Não sei, um pouco de tudo talvez, só espero que a soneca acabe logo, pois me amedronta saber que meus filhos podem perecer na mão de adultos que foram jovens que preferiam dormir a acordar para a vida.

Pollyanna Gracy Wronski é Bióloga, Acadêmica de Ciências Contábeis e com muito orgulho PROFESSORA.