sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Mais um fim.


Pronta para um novo recomeço.

19 de Dezembro. E lá se vai 2009. Passou como um trovão que eu nem vi. Parece que foi ontem que eu estava escrevendo a minha despedida de 2008 e já estou com a de 2009. Termina um e acompanhado das festas de final de ano, vem à sensação do dever cumprido, de um período terminado, de tarefas acabadas e o peso daquelas que se deixaram a desejar, juntamente com a ansiedade por aquilo que está por vir.



Fato é que neste pesar do que foi feito e o que se concluiu, o período de férias é o mais propício para dar a pausa no trabalho, viajar e ver a família e amigos, descansar e quebrando a rotina, avaliar melhor o sentido da vida e principalmente o sentido que estamos dando a nossa.
Concordo que as tais das férias trazem festas, encontros, bagunças e alegrias, porém, há momentos em que o silêncio chega e ele é extremamente necessário para nos prepararmos para o ano novo. Com a quietude das férias, chega também, àquela terrível sensação do finito, que nos remexe, que nos leva a reflexão dos acontecimentos vividos e apresentam a sensação de menos um ano vivido e não mais um.



Menos um e não mais um, por que será? Ouso dizer que isso decorre da terrível mania de perfeição dos seres humanos, do medo e do arrependimento dos erros, cometidos ou não. No calar do nosso coração, percebemos que vivemos mais um tempo de nossa vida plenamente, porém incapazes de fazer com que tudo isso saísse do nosso jeito, conforme o nosso gosto, aí vem a inevitável frustração com o imperfeito, o inacabado. Logo, no fritar dos ovos, percebemos que muitas das coisas que ficaram inacabadas, imperfeitas, ficaram assim, muitas vezes, não pelos rumos do destino, mas pelos nossos erros.



Falando de forma clichê, “Errar é humano e persistir no erro é burrice”, é para isso que o silêncio das férias serve, para avaliar e para recomeçar, por isso que se chama “Ano Novo” e que traz esperança. Disse Mário Quintana, “Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano / Vive uma louca chamada Esperança”. Dias atrás, falava a vocês, sobre a esperança, e dentro do assunto esperança, lembrei da ação. Falei do desistir e do persistir. Intrinsecamente, em ambas falava do tentar, como hoje, e nas entrelinhas do viver.




Vivemos tentando e esperando dias melhores, nos desesperamos, muitas vezes inconsolavelmente, com o que passou e não recordamos que todo o sofrimento vivido, os percalços enfrentados fazem parte do enredo do capitulo de 365 dias de uma história que não termina ao final de um ano, mas que continua no “Ano Novo”. E para isso que ele serve para um novo ano, para um recomeço, para não se cometer os mesmos erros e sim novos, para “um novo tempo, apesar dos castigos”, como cantou Ivan Lins; serve para mais uma vez TENTAR, para viver.



Pensando em tentar, em ter esperança, em tudo que se passou na vida e esperar a minha vez, inevitavelmente, lembrei de uma canção do “poeta” Zeca Pagodinho, cujos versos eu não concordo: “Deixa a vida me lembrar, vida leva eu”. No silêncio de meus alguns dias de férias e encerrando mais um ano na companhia de vocês: amigos, conhecidos, familiares, colegas de trabalho, de faculdade, alunos e até daqueles que não simpatizam muito comigo, mas que acompanham este espaço no Jornal Liberal, eu desejo que em 2010, todos vocês, não deixem a vida vos levar. Desejo que todos estejam prontos para um novo recomeço, onde os senhores, sejam senhores de vossas vidas, de vossas vontades, de vossos erros na busca de acertos e que mesmo em lágrimas, vocês consigam ver que apesar de tudo, vocês escolheram viver e que amadureceram diante de tudo o que vos aconteceu.




Desejo do fundo do coração, que Deus acompanhe a todos em vossa caminhada e que no ano que se inicie, o medo, a incerteza e a indiferença mantenham-se afastados de vossas histórias. E lembrando Gandhi, se eu pudesse deixar algum presente a vocês, gostaria de presentear todos sem exceção, aos que me fizeram feliz e sofrer, pois todos tem um papel importante em minha vida, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos, porque o amor sempre vence tudo. Deixaria a consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo a fora, de perceber que erros são inevitáveis e necessários e os lembraria para que não mais se repetissem. Avaliando-os deixaria a capacidade de escolher novos rumos e além de tudo o indispensável: além do pão, o trabalho; além do trabalho, a ação: por que o que vale é tentar e tentar é viver e não ser indiferente ao presente que é a vida. E assim, quando tudo mais faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída, por que é somente ouvindo o seu coração é que se consegue ser feliz. Feliz 2010.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Esperança



O que a mata?
Diz o ditado que esperança é a última que morre. Segundo o dicionário on-line de Português, esperança é a expectativa de um bem que se deseja: é a grande consoladora.

Entrando na epistemologia da palavra, esta vem do latim sperare, que é um sentimento que leva o homem a olhar para o futuro, considerando-o portador de condições melhores que as oferecidas pelo presente, de tal sorte que a luta pela vida e os sofrimentos são enfrentados como contingências passageiras, na marcha para um fim mais alto e de maior valor.

Assim, para a filosofia, a esperança é uma virtude e não é um produto de nossa vontade, mas de uma espontaneidade, cujas raízes não nos pertencem, porque não é ela genuinamente uma manifestação do homem, mas algo que se manifesta por ele, porque não encontramos na estrutura da nossa vida biológica, nem da nossa vida intelectual, uma razão que a explique. Tal concepção filosófica, talvez responda, porque, inconscientemente não desistimos de certas coisas.

Se ter esperança é esperar, quem espera, logo espera alguma coisa; confia e tem fé que aquilo realmente aconteça. Seja a conquista de um bem material, de um cargo profissional, de um sentimento por alguém, de uma conquista pessoal, seja lá o que for: através do nosso dia-a-dia, das nossas vivências pessoais, dos nossos relacionamentos e das nossas expectativas em relação ao futuro: criamos as nossas esperanças, traçamos nossos planos, estabelecemos nossas metas e embasamos nossos sonhos.

E fato é que quando desejamos alguma coisa, verdadeiramente, respiramos diariamente tal meta, mesmo sem perceber como diz a filosofia. Tudo, desde o nosso acordar até nosso adormecer, gira em torno de tal desejo ou objetivo.

É certo, que toda conquista há de ser árdua e muitas vezes dura e doída. Logo, em busca do foco que cultiva nosso sentimento de espera, encontramos inúmeros obstáculos que “tentam” nos desviar de nossa meta final, as contingências passageiras. Assim, por muitos momentos em que ao chão, remoídos já de tantos percalços rumo ao objetivo final, de tão cansados de “apanhar”, a vida nos leva a refletir se tanto sofrimento, se tanta espera, realmente VALE A PENA. Será que vale?

Bem, a esperança considerada uma virtude é vista por alguns como algo fomentado somente pelos sábios perante os ignorantes, que a revalorizam, pois, a tal da esperança que não morre, é grande companheira dos ignorantes. Segundo tais pensadores, ela é irmã daqueles que não tem meios de fazer acontecer, aí estes se agarram na esperança e nela muitas vezes ficam estagnados.

Um tanto quanto radical pensar assim, pois se lembrarmos da época que antecedeu a vinda do Menino Jesus, o povo “esperava” a vinda do Salvador, que veio justamente trazer uma mensagem de esperança. Logo, acredito piamente que a esperança deve ser uma aliada e companheira, mas deve ser consciente e não “acomodadora”. O ato de esperar por si só, revela virtudes como a paciência e a temperança e no tempo de espera somos, junto com nossos objetivos, sonhos e metas, postos a prova a fim de avaliarmos nossas condutas e que rumo está tomando nossa vida.

Porém, a esperança, como já dito, não tem raízes intelectuais. Muitas vezes, cultivamos dentro de nós, uma esperança tão estranha, que faz com que ficamos confusos diante da vida. O alvo de nosso desejo parece estar mais longe do que perto, o mundo parece conspirar contra e nós comumente: desistimos.

Desistir. Palavra que soa como amiga dos fracassados e acomodados, que se julgam, fracos para enfrentar aquilo que se busca. Ouvi uma vez que desistir é uma atitude de fortes, não concordo, porque desistir é julgar-se inútil e falho. E quem tem esperança, não é assim.

É viável dizer que perdemos a esperança e rumamos para outro objetivo. E o que faz com que percamos a esperança? Ouso dizer a indiferença, porque ser indiferente aos seus desejos não é sinômino de desistir e esse desistir, não é coerente. É coerente quem desiste de um algo em função de outro que achou mais viável.

Todavia, em tempos aqueles que o desejo parece estar longe e o mundo parece conspirar contra você, existe algo dentro de ti que diz que ainda é preciso acreditar e esperar. Até quando a espera é válida? Se não corroa e não machuque, vale a pena, porém, mais uma vez eu repito, a vida é feita de escolhas. E o que fazer para que a esperança se renove e ressurja das cinzas? Atitudes. O povo que esperou Cristo, viu ele operar maravilhas em sua vida, alguém que esperou o amadurecimento para se engajar em um novo cargo, eu que espero respostas ao invés do silêncio.

Advento é o tempo da espera, espera para a chegada do Natal. Que a esperança consciente e sadia seja companheira de vocês, sempre e se vier do coração: JAMAIS, desistam.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Dezembro.

Com medo, duvidar? Nunca mais!

Ausente por várias semanas, inicio com os senhores o mês de Dezembro, pois é gente: Dezembro. E falar em Dezembro é falar em férias, festas, comemorações, alegria e é o terrível mês avaliativo. Sim, aquele terrível mês, o qual todos nós olhando para frente, começamos a olhar para trás.

O ser humano por ter inteligência é autocrítico e avaliativo, acredito que a constante crítica e avaliação de nossos atos, posturas e decisões fazem com que nos tornemos melhores a cada dia.
Tentando melhorar, vemos que o trabalho que vai se agitando e vamos vendo aquilo que ficou pra trás lá do primeiro semestre, visualizamos aquilo que virou promessa pro segundo e na verdade virou lenda pro ano que vem. Pensamos nas promessas de não deixar pra estudar na véspera da prova da faculdade, nas juras de não se sacrificar com tarefas a mais na intenção de ganhar um dinheirinho ou de ajudar um amigo na hora do aperto. No compromisso de não me sabotar nas poucas horas de sono, na dieta, na caminhada, nas leituras e vemos que mais uma vez algumas coisas nós deixamos a desejar. Porém, melhor do que se avaliar e perceber que algumas coisas deram certo e outras deram errado é a satisfação do ter tentado.

Poderíamos até comparar cada ano de vida com uma guerra, a qual é composta por batalhas, as quais vivenciamos todos os dias com a função de derrotar nossos inimigos e nossos medos. No campo de concentração de nossas mentes, traçamos toda a nossa estratégia, desenhamos pacientemente os passos a serem seguidos e ao levantar da cama pela manhã, fortalecidos pelo nosso propósito, nos colocamos a prova diante dos mistérios que a batalha do dia irá nos revelar.

É certo que lutamos com a ânsia e a esperança de vencer sempre, porém muitas vezes levamos, em nossas árduas batalhas diárias, punhaladas nas costas e temos que saber nos virar. Todavia, acredito que as piores coisas que temos que enfrentar não são os inimigos em si, mas sim três fantasmas, que não vemos, mas nos atormentam: a dúvida, o medo e nós mesmos.

Certamente todos os três, são bem piores que nossos próprios inimigos e sabem porque? Porque do inimigo não duvidamos nada, não o tememos e sabemos que podemos enfrentá-lo, se estivermos bem preparados. Do contrário, temos a dúvida de não saber se defendo ou ataco, se espero ou trato logo de agir, se recuo ou avanço; é, a dúvida é tão traiçoeira que faz com que percamos o que temos mais de precioso em nossa vida: o tempo.

Por trás da dúvida, escondido, com receio, vem o medo: esse é outro enclausurador de sonhos, consome mais um pouco do nosso tempo que já perdemos com a maldita da dúvida no que fazer e que faz com que enfrentamos o pior de todos os desafios: nós mesmos.

Sim, nós criamos os medos, ficamos com as dúvidas, perdemos tempo e acabamos fugindo do inimigo. Não sabemos o quanto nós somos capazes, até tentar, arriscar e apostar. Não sabemos o quanto somos maravilhosos no alto do pódio com a vitória e como somos melhores ainda ao levantar da lama depois da queda. Todos os dias pelo menos em alguns segundos do dia, deixamos de ser mais felizes e completos, porque fugimos de nós mesmos, porque negamos nosso pensamento, porque não entendemos e não assumimos o nosso sentimento. E senhores, não é digno da vitória
O que duvidamos e o que tememos? O outro? Não, tememos a nós próprios por não nos conhecermos e não nos aceitarmos plenamente com erros e acertos. Tememos o fracasso e a zombaria dos inimigos antes mesmo de entrar na batalha e, sabe, o que faz isso nos faz? Nos faz tremendos covardes, com medo da gente mesmo.

Nos refugiamos em nosso eu, que muitas vezes nem conhecemos, porque negamos nosso pensamento e achamos que “na nossa”, pelo menos a gente não se complica. Mais uma vez, covardes. Não nos enfrentamos, não esclarecemos as nossas dúvidas e morrendo de medo, vemos a vida passar diante dos olhos.

Aí, chega mais um Dezembro e sensibilizados por tudo, nos arrependemos daquilo que duvidamos, das verdades que não assumimos, dos erros que deixamos de cometer e principalmente daquilo que perdemos por não assumirmos, o que somos, pensamos e sentimos e corremos atrás do prejuízo? Corremos? Alguns de nós sim, outros acham que é tarde demais e se fecham, preferem ficar novamente com a dúvida e o medo.

O não dói? Dói. A derrota dói? Dói. Mas nada é pior do que conviver com a dúvida e o medo de si mesmo diante de tudo. Parece clichê senhores, e mais uma vez eu repito nas páginas deste periódico, se arrependa daquilo que não fez e não daquilo que deixou de fazer.

Tenham uma vida plena, com tropeções, com quedas, com dores de um não te amo ou de uma fria indiferença, mas não deixem de viver nada por causa da dúvida e do medo de serem vocês mesmos, se assumirem quem são e seu amor. Batalhas foram feitas para se ganhar e perder, para que no final da guerra a vitória no palco do tempo e da vida tenha valido a pena e mesmo doendo: vale, se você tiver coragem para lutar.

Pollyanna Gracy Wronski é Bióloga Licenciada, Acadêmica de Ciências Contábeis, tentou e depois de mais um não, nunca mais quer dúvidas e nem mais ter medo de nada.