sábado, 27 de março de 2010

... e o que será do final feliz, se no meu conto de fadas, a Princesa virou Bruxa Malvada?



Um dia era a princesinha do papai e da mamãe, todos depositavam nela as esperanças de um futuro brilhante, encantado, cheio de realizações e felicidade. A fizeram acreditar que existia um final feliz e que o príncipe encantado a daria um beijo eterno no final.

E a princesa foi crescendo e aprendendo sobre as realidades e durante a caminhada em busca dos sonhos encantados dela, as pedras no caminho e os altos muros de tantos castelos percorridos, a fizeram sofrer e a desacreditar que no Reino dos Contos de Fada, as princesas são aquelas bonecas que tem uma vida glamurosa e de risos diários.

Assim, neste caminhar de sonhos, a princesa teve que aprender a lutar com as adversidades, tirou o sapatinho de cristal e aprendeu como um cavaleiro da corte, de botas e armadura de ferro, a enfrentar os desafios a fim de realizar seus sonhos. E tudo isso, a tornou forte o suficiente para ser capaz de enfrentar tudo e todos, só que agora com bem menos delicadeza e doçura em seu coração.

Logo, a princesa que era cavaleiro, viu que mesmo diante de tantas lutas, viu que nem tudo era justo, que não são os bons que sempre vencem, que a verdade não está acima de tudo e que aquele ideal de princesa que permanecia de um mundo perfeito, não era possível, pois nem a doçura e tão mesmo a força adquirida podem concertar o mundo.

Desta forma, o cavaleiro que era princesa, percebeu que não se pode ajudar ninguém que não queria ser ajudado, pois ela não precisa e muitas vezes nem quer a sua ajuda, ou, o seu carinho e nem do seu amor.

Percebeu, que as lutas são injustas, pois, para alguns as coisas são bem mais fáceis e menos dolorosas e que as bruxas sem amor e sem piedade, muitas vezes são as que riem no final.

Percebeu, que o príncipe encantado, se cansou do conto de fadas, largou mão de tentar encontrá-la e ainda prefiriu sair com as piriguetis do reino e se vanglorirar de seus feitos.

E assim, a princesa que virou cavaleiro, não sabia mais se era princesa ou se era cavaleiro, pois não acreditava mais nos seus sonhos, porque os viu desmoronar, não queria mais pensar em ser cavaleiro por acreditar que as lutas muitas vezes são em vão.

Neste misto, de princesa e de cavaleiro, ela transformou-se em alguém que num silêncio encatado, que buscava por justiça, exibia uma força e uma ambição instransponível e que faria o que fosse para ter um final feliz.

Tão não fosse maior o seu problema de confusões de personalidade, para piorar as coisas todos do Reino passaram a ver a princesa cavaleira, como alguém sem coração, como uma pessoa fria, calculista, autoritária e má. E assim, a princesa virou bruxa.

Quando se deu em conta e olhou para os lados, ela não viu mais o castelo, nem o rei e a rainha, tão menos os cavaleiros colegas da grande corte e, no alto do seu castelo sombrio, cercado de mistérios, ela se viu a bruxa e se lamentou.

E assim, a princesa cavaleira, mesmo com um coração puro, suspirava em silêncio, com medo de parecer frágil e julgada má e cruel, teve que aprender a ser bruxa.

Precisou aprender que as bruxas, vivem em seus castelos, solitárias e caladas e cheias de rancor e maldades.

Porém, hoje, não sabendo se é bruxa, cavaleiro ou princesa, ela se encontra solitária, no alto de seu castelo, com acusações e frias maldades, com um ideal de lutar sempre que for preciso, porém com uma doçura escondida que ainda a fazem acreditar em um lindo final feliz.

E aí eu vos pergunto: e o que será do final feliz, se no meu conto de fadas a Princesa virou Bruxa Malvada?

... e quem sabe, talvez ela tenha entendido e preferido a vida de Bruxa Malvada, mesmo com tropeços na luta diária e ideiais útopicos de final feliz, é bem melhor do que a apaticidade de uma vida de princesa, que só espera o final feliz e a chegada do príncipe encantado.

Mas, quem sabe?