quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Eram férias...


Eram férias. Enfim, tudo o que ela mais queria. Paz, sossego, tranquilidade. O sol, os passarinhos cantando, a brisa boa do verão. Era tudo aquilo que era mais queria. Tempo para não fazer nada, tempo para dormir, tempo para ver o tempo passar.
Era, mas não era. Como assim? Em meio à turbulência das mil tarefas diárias em período de trabalho, o tempo do trabalho, da faculdade, da pós, das tarefas pessoas e comunitárias nas se envolvia, ela desejava fervorosamente aquela calma, aquela paz. Todavia, agora que ela tinha aquela paz, ela queria novamente a turbulência.
É, mas não aquela turbulência por motivo do trabalho, da correria, dos afazeres; ela queria aquela turbulência justamente para poder fugir da paz. Fugir da paz, fugir do silêncio, fugir dela mesmo.
Dizem que é quando estamos sós e que conseguimos olhar para dentro de nós mesmos e ver onde é que aperta o sapato. Quando estamos sós, conseguimos ver aquilo que nos aflige, aquilo que nos perturba e que deixamos de lado por não termos tempo de olhar durante nossa conturbada vida corrida.
Eram férias e ela buscava algo pra fazer. Não tinha saco para ler as mesmas revistas de sempre que traziam as mesmas matérias de sempre e que já não faziam mais sentido nenhum para sua vida. Não tinha ânimo para pegar um livro com medo de ser um daqueles de auto ajuda ou cheio de mensagens intrínsecas que mexeriam com seu ego.
Já não queria mais passar horas em frente à televisão assistindo uma porção daqueles filmes adocicados que a fariam sonhar um futuro não existente. Não queria conversar, não queria ouvir música, tocar violão, nem dormir.
Queria algo, mas não sabia o que. Passava horas da noite acordada, pensando em como seria o seu ano, em todas as tarefas que terá a fazer. Passava horas pensando nos projetos a elaborar, nas provas a fazer, no vestido de formatura e no dia da despedida.
Enquanto pensava seus dias de férias iam passando e aquela paz que ela buscava, era ocupada por dias vazios, cheios de nada, os quais ela não queria olhar pra trás e nem para si mesma. Prometera que não iria fazer aquelas retrospectivas para ver o que deu errado, mas sabia que no fundo, era isso que deveria fazer.
Eram férias e ela queria aproveitar e foi isso que ela fez. Reuni-se com as amigas e deixou as preocupações de lado, riu da vida, da novela, dos micos da festa do dia anterior. Programaram o final de semana e combinaram que seria muito divertido. E assim foi.
Eram férias e ela não quis se preocupar, pelo menos não agora.

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