quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Oportunidade: é mais fácil pular...



... do que correr atrás do cavalo!

Quem é que já não ouviu aquela que o trem passa uma só vez na vida e você tem que saltar pra dentro dele? Ou a do cavalo, que este, só passa encilhado igualmente uma única vez e é mais fácil pular dele do que correr atrás depois? Ambos os ditos populares falam sobre as oportunidades que aparecem em nossas vidas e da forma que devemos reagir diante delas, aproveitando-as sempre.
Porém, falar em oportunidade é sempre complicado, pois acredito que elas não apareçam simplesmente e como um passe de mágica na sua frente; oportunidade é uma chance de concretizar algo no qual você já tenha trabalhado um bocado de tempo.
Segundo definições literárias, oportunidade é um conjunto de eventos ou circunstâncias que nos dão a possibilidade de fazer mudanças positivas. Interessante destacar nessa frase o: nos dão, porque quaisquer das oportunidades que aparecem diante de nossas vidas, são fruto exclusivo de nosso trabalho e de nossas atitudes e da maneira que nos comportamos diante das situações e eventos.
Entretanto, muitos afirmam que nunca tiveram uma oportunidade na vida, assim atribuem a falta de sorte, de realização, de sucesso, porque não dizer as oportunidades que não apareceram diante dos seus olhos. Será mesmo?
De acordo com registros históricos a palavra oportunidade surgiu no período das grandes navegações, por volta do século XVI. Naqueles tempos, as caravelas não possuíam motor, ou mecanismos propulsores e para poderem adentrar os mares bravios era preciso que um vento forte surgisse do continente. Para aproveitar o esperado vento, no entanto, era preciso que os marinheiros estivessem preparados para içar as velas assim que o vento mudasse de direção. Adivinha como era o nome do tal vento? Oportunidade. Assim surgiu o comentário do historiador Thomas Fuller que dizia: “quando o vento soprar, você deve içar a sua vela”.
É conveniente ressaltar, no entanto, que não basta somente estar preparado para içar a vela, saltar no trem ou montar o cavalo encilhado, é preciso que consigamos sentir o vento, ouvir o barulho do trem e o trote do cavalo e para isto é preciso de iniciativa para que isto seja percebido e discernimento para perceber que aquele é o vento certo, o trem que levará ao destino correto ou o cavalo que cavalgará rumo ao sucesso.
Débora Didone, para a Revista Vida Simples de Novembro, trouxe a história do escritor catarinense Cristovão Tezza, que uma vez adiou o projeto de um livro sobre a crise, em função de que se tornara pai de um menino com síndrome de Down. Passado um tempo, o escritor publicou o livro em 2007 e conquistou nada mais nada menos que sete prêmios literários, o que o tornou um escritor mais reconhecido e que propiciou a ele a conquista de poder largar a universidade para se dedicar apenas a literatura. Tezza, publicaria um livro com um tema com muitas chances de cair na pieguice, porém ele decidiu atender seus anseios, esperou o vento certo e obteve grandes conquistas. Seu combustível foi a iniciativa.
Tezza trabalhou e esperou o cavalo, porém lhe ocorrera alguns acontecimentos que o impediram de, naquele momento, montar no cavalo. Certamente, aquele não era o que levaria ao sucesso, entretanto havia demais situações que o impediam de agir.
O medo do livro não ser aceito, das críticas, da não venda: o medo do fracasso. Quantas vezes nós desistimos de algo por não nos parecer seguro o suficiente? Por quantas vezes desistimos de tentar por receio de não sermos bons o suficiente, ou de não sermos aceitos com nossas facetas e ideias? Tentar, ir a fundo, buscar, ter iniciativa e assim agarrar a oportunidade. Só você pode estabelecer relações com suas ideias e delas concretizar seus objetivos.
Conforme a psicóloga Regina Nanô, enquanto um bebê mais atirado engatinha e conhece através de experiências o novo parquinho, o introvertido observa tudo antes de fazer qualquer coisa, logo a extroversão é uma característica forte quando se fala em iniciativa, pois conforme o individuo cresce, ele estabelece mais relações com amigos, colegas e de tal maneira tem mais experiências que definem nossas reações diante dos acontecimentos e de como agimos com as oportunidades.
A existência é um contrato de risco. Aristóteles afirmava que todo homem tem uma finalidade e esta estaria no próprio ato de ir buscá-la. Somos uma consequência de como agimos. Se reconhecermos nossas qualidades, trabalharmos para aperfeiçoá-las, tivermos iniciativa diante dos acontecimentos, sem medo do agir e o receio do fracasso, certamente saberemos que aquele é o vento certo, o trem certo e o cavalo certo e, assim embarcaremos confiantes, rumo ao sucesso que nos espera. Resta-nos mantermos preparados para tudo, pois, como diz minha mãe, é mais fácil pular o cavalo do que correr atrás dele.

Publicada no Jornal Liberal em 2010.

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