quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Você tem coragem?


Coragem: S.f. 1. Firmeza de ânimo. 2. Energia ante o perigo, os reveses, sofrimentos físicos ou morais. 3. Intrepidez, bravura, ousadia, arrojo. 4. Atrevimento, cara-de-pau.

Quem é que não teve (ou ainda tem) uma vontade pequenininha ou até mesmo muito grande, uma vontade que ocultou ou não a executou por faltar àquela dose de coragem? Não vem que não tem, todo mundo tem. Pode ser qualquer vontade: de fazer uma pergunta estranha no meio da aula, de dançar no meio de todo mundo, de roubar um brigadeiro antes dos parabéns, de dizer “aquelas verdades” entaladas na garganta, de usar um vestido mais curto, de falar em público, de andar de avião, de pular de bung jump, de mudar o cabelo... Enfim, alguns podem até ter encontrado a coragem e conseguiram matar a vontade, mas muitos se sentem aflitos por ela não ser sua amiga.

O coração bate mais forte, as mãos parecem que tremem diante do desafio a ser vencido e, você tomado pela emoção, desiste. Emoção? Será que o medo e o excesso de emoção são os culpados por passarmos uma série de vontades? Bem, segundo o neurocientista e psicólogo clínico brasileiro Julio Peres, a falta de coragem está ligada a razão e não à emoção como desconfiávamos.

O neurocientista, ao longo de sua carreira, especializou-se na superação de traumas, no exercício de estimular a coragem em seus pacientes e de ensiná-los a superar seus medos. Em um de seus experimentos, fez um mapeamento de como se dá essa superação por meio de tomografias computadorizadas que mostram os efeitos neurobiológicos da psicoterapia em pessoas traumatizadas. E as conclusões são surpreendentes, pois a principal área estimulada é o córtex pré-frontal, a região ligada ao intelecto e ao planejamento de ações, e não a amígdala, uma estrutura cerebral correlacionada com o impulso emocional, a agressividade e o temor.

Logo, de acordo com tais proposições, podemos conceber que a coragem é uma estratégia mental para superar o medo e o ato corajoso é resultado de um julgamento consciente, onde julgar significa avaliar e analisar os caminhos possíveis diante de uma determinada situação, comportamento totalmente ligado à razão.

Vencer o medo e realizar aquelas pequenas ou grandes vontades necessita de análise, equilíbrio e responsabilidade. Assim, dizer que eu vou “ousar”, ultrapassar meu limite é dizer que eu o fiz conscientemente, não apenas no impulso, logo tal ato assume mais peso e importância, onde de fato a coragem mais profunda é um processo de conscientização que tem a ver com ousadia, com conhecimento, determinação e capacidade de análise das variáveis.

Ok, mas aí os senhores podem me questionar: se a coragem é um atributo comum a todos seres humanos e não uma qualidade de poucos, porque uns tem “mais coragem” que os outros?

O problema está em nossa memória, ela é tão cruel que tem o hábito de registrar com mais força e precisão as lembranças dolorosas e desta forma, por nos recordarmos somente de nossos fracassos, acreditamos que somos medrosos, covardes, impotentes e não agimos conscientemente com coragem a fim de vencer nossos medos. E ainda some isso a variável de que tais pessoas tem uma tendência maior de se atirar na vida, e de enfrentar desafios, que outras. Para elas, a vontade de sentir o gosto das experiências é mais forte que o medo e a perspectiva de um arrependimento posterior. Os conhecidos exploradores, portanto, são os mais propensos a tomar atitudes ousadas e são consideradas e percebidas como pessoas que realmente amam a vida, se divertem com ela e a vivem intensamente, mesmo com suas feridas, raspões e cortes.

É difícil encarar os medos e vencer os riscos? Certo que é! Mas se estamos na vida para viver, ponderar e analisar as situações são atitudes que devem ser tomadas, e acredito que é melhor se arrepender de algo que se fez, do que se deixou de fazer. Portanto, não tenha medo, encha-se de coragem, fortaleça-se, traga consigo pensamento positivo, cerque-se de pessoas que lhe amem e que possam lhe ajudar verdadeiramente, respire fundo e não tenha medo: saboreie o brigadeiro, firme o pé e pule, vista o vestido e desfile, limpe a garganta e fale, pinte o cabelo e adore. Sem medo, vai fundo!

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