domingo, 2 de agosto de 2009

Acorda, é hora da escola.


E as aulas estão voltando! Que bom! Aproveitar as férias para descansar o corpo e a mente é ótimo, mas retornar é ainda mais agradável! Bem, mas os senhores devem se perguntar se as palavras acima são colocações da Acadêmica Pollyanna ou da Professora Polly. Deveriam ser das duas, mas por hora lhes afirmo que o entusiasmo da acadêmica é maior que o da educadora. Por que?

Semana passada, em dias de formação continuada com colegas professores, debatíamos questões da aplicabilidade do conhecimento cientifico, onde a atual preocupação é inseri-lo de acordo com a realidade do aluno, de forma que a compreensão de conceitos seja concebida como em um total importante para a sua vivência e que seja próxima ao seu cotidiano.

Em meio ao debate com os mestres e ao falatório dos meus botões, pensei assim: “Então, o conteúdo deve ser trabalhado de forma que se torne atrativo aos nossos alunos!” Pois bem, no mesmo momento pensei: atrativo? O que é atrativo para nossos alunos de hoje? Difícil e diria quase que impossível de responder.

É mais do que comum para um professor ouvir em meio a sua trabalhosa e bem preparada aula de genética: “Para que eu vou aprender isso?” Ou mesmo no meio de um cálculo de área de um terreno, ter que escutar: “Onde é que eu irei usar isso em minha vida?” Aonde tal comentário, muitas vezes vem seguido de um: “Eu odeio essa matéria!”

Confesso-vos que isso além de ser decepcionante é revoltante, pois mais complexo do que trabalhar com jovens que tem dificuldade na compreensão dos conteúdos é ser obrigado (porque não se pode escolher para quem vai dar aula), a trabalhar com jovens sem curiosidade e sem vontade de aprender nada.

Então, eu pergunto: cadê nossos alunos curiosos? Onde estão aqueles jovens dinâmicos e investigadores? Adolescentes sedentos por conhecimento? Pessoas com objetivos e metas em sua vida, com ânsia em ingressarem em um bom curso universitário e capaz de escrever a sua própria história? Sumiram? Extinguiram-se? Ou estão dormindo em sala de aula?

Nesse mesmo dia de capacitação, lembrava junto com uma professora minha dos tempos em que eu sentava minha bunda em um banco escolar no Ensino Médio. Recordávamos de minha turma, que era composta em sua maioria por alunos que se empenhavam na confecção e elaboração dos trabalhos. Éramos uma turma que promovia grupo de estudos, reuníamos para estudar para as provas, indagávamos os professores e não nos contentávamos com uma simples resposta.

Tínhamos claro em mente que não importava se o professor era alto ou baixo, gordo ou magro, se faltava alto ou sussurrava em sala de aula, se adotava uma postura mais séria ou permitia uma dinamicidade capaz de tratar do conteúdo: de piadas sem graça e do placar do Campeonato Brasileiro. Não importava como ele trabalhava, mas sim importava saber que ele estava ali para nos abrir as portas para o mundo do conhecimento, que tem um tamanho imensurável e que seu papel era ser mediador deste conhecimento.

Talvez, essa vontade que tinha na época (e que ainda tenho, pois ainda sou estudante) e a admiração por meus professores, fizeram com que sabiamente escolhesse minha profissão: PROFESSORA.

Devo relatar a vocês, porém, que por momentos frustro-me quando entro em algumas salas de aula e percebo muitas sonolentas e apáticas caras frente a um mundo a ser descoberto. Logo, indago-me novamente: não restam resquícios da minha geração? Feliz, percebo que não, pois em meio a olhares sonolentos, sempre existem olhares brilhantes e atentos ao que vão escutar. Olhares que compreendem a sua capacidade de aprender, compreender e mudar!

É fácil perceber que a escola mudou. Antigamente, nós docentes só contávamos com o giz e o quadro para o nosso exercício, atualmente dispomos da internet, de modernos aparelhos áudios-visuais que auxiliam professores e alunos no interesse pelo conteúdo.

Interesse? O que me parece é que para parte dos alunos, tudo é mais interessante que o conteúdo. Nem o quadro, nem o giz, nem os slides, nem o vídeo explicativo, nem a redação de volta às aulas desperta do sono. Senhores: sem redação nem aprender a conjugar verbo se consegue!

Até quando as bobagens do mundo globalizado serão mais atraentes que o aprendizado e a formação profissional? Até quando a culpa vai sempre ser dos desvalorizados profissionais da educação? Quando é que os alunos irão despertar de sua soneca e descobrir que precisam escrever sua própria história e não se esconder atrás da imagem de seus pais? O que falta? Curiosidade? Ambição? Objetivos? Não sei, um pouco de tudo talvez, só espero que a soneca acabe logo, pois me amedronta saber que meus filhos podem perecer na mão de adultos que foram jovens que preferiam dormir a acordar para a vida.

Pollyanna Gracy Wronski é Bióloga, Acadêmica de Ciências Contábeis e com muito orgulho PROFESSORA.

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