quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Mera coincidência?

Um belo dia você resolve mexer nas suas quinquilharias que estão guardadas naquela caixa empoeirada em cima do seu guarda-roupa. Entre pó, papéis de bala e fotos, você encontra uma letra de música e uma foto de uma pessoa muito querida. Aquilo lhe martela a cabeça e sem mais porque você resolve ligar o rádio e, surpresa! Toca a tal música, você fica confuso com o acontecido e nas ondas da internet, recebe notícias da tal pessoa. Será mera coincidência?

Interessante como em alguns momentos da vida, ela parece querer nos pregar peças para ocupar a nossa ociosa mente. Certamente, os senhores já devem ter se perguntado se a história de nossas vidas já possui um início, um meio e um fim traçados; se algo ou determinada coisa nos aconteceu por simples coincidência ou por obra de sei-lá-o-que.

O fato é que é quase impossível encontrar alguém que não tenha se deparado com algum tipo de coincidência e principalmente que não tenha tentado encontrar alguma forma de explicá-la. Dentre as TPEAI – teorias para explicar acontecimentos inexplicáveis, cada uma trás uma visão particular sobre o que acontece.

A teoria cética afirma que isso “no ecxiste”, e nem a mais impressionante das coincidências os surpreende. De acordo com essa teoria, tudo é acaso e o que acontece são convergência de fatos. Impressiona, impressiona. Mas destino, situações pré-determinadas, são coisas que não cabem no pensamento desse grupo. Já os mais espiritualistas atribuem as coincidências a fatos guiados, medidos e disponibilizados por obra de Deus, não permitindo assim espaço para as coincidências. Portanto, todos os encontros, todas as vivências, têm as suas razões de existir e acontecer, como de fato, acontecem.

Na psicologia, encontramos as herméticas teorias de Jung e Pauli sobre a “sincronicidade”, e outras que, hoje em dia, dividem as coincidências em dois tipos: as triviais, como séries de números ou divisões surpreendentes de cartas e as significativas que envolvem pessoas, eventos, espaço e tempo. Nas significativas temos as coincidências literárias, as de aviso, as úteis (quando uma coisa certa acontece na hora certa) as de o-meu-deus-como-o-mundo-é-pequeno (de assistir aquele filme que foi feito pra você, naquele exato dia) e as encantadas, de incidentes que lembram truques do além.

Acreditando no sincronismo destaca-se também a teoria astróloga, que define os acontecimentos como sincrônicos e acontecem ao mesmo tempo porque estão conectados entre si. Mesmo que isso não apareça à primeira vista, à luz da razão, devemos prestar atenção a essas pequenas seqüências que, podem nos preparar para um grande momento de reflexão e ainda nos levar a conclusões fora das nossas interpretações lógicas.

Acreditar ou não em coincidências, crer em um destino pré-existente, numa força que comande esses cruzamentos é algo pessoal, o que instiga é a busca pelo porquê daquilo estar acontecendo, o que pode ser muito válido, pois nos leva a uma reflexão de que rumo estamos dando à nossas vidas: se estamos só nos deixando levar pela maré ou se estamos realmente remando para algum lugar.

Gosto da idéia de acreditar que algumas coincidências acontecem para nos fazer acordar diante da nossa (às vezes) apaticidade frente aos acontecimentos cotidianos; onde simplesmente não nos basta só esperar o barco passar, mas sim pular nele e viajar em busca de um ideal.

A questão é que não podemos fazer de nossa vida um “aguardar” de momentos certos e de coincidências, para depois tentar traduzi-las, pois somos construtores e destruidores de nossa história, logo, sentar na escada esperando a dona do sapato de cristal ou esperar a seqüência de cartas perfeitas no pôquer e mesmo acreditar que a música no rádio foi um “sinal” que algo está por vir, são fatos visíveis de quem só vê a vida passar e nem participa dela. Arriscar e conseqüentemente viver todos os momentos de nossa existência e não aguardar somente as coincidências, é perigoso, pode até doer, mas é preciso e indispensável!

Beijo especial para amiga Seile que sempre marca presença.

Um comentário:

Seile Manuele Corrêa disse...

Caracas!
Terminei de ler seu texto e levei um susto com aquele beijo enorme lá embaixo! È que sempre gostei de seus textos e, em alguns, é impossível não comentar depois!
:D

Quanto ao termo "coincidência"... ele me incomoda um pouco.
Isso porque sempre defendi a idéia de que nada acontece por acaso. É certo que não temos uma vida traçada e sim, o direito de escolher nosso própiro rumo... Mas muitas vezes, parece que algo nos atrai para aquilo que tentamos abandonar e, por fim, não conseguimos.

Mas só somos capazes de perceber isso quando olhamos prá trás e traçamos a linha dos acontecimentos que fizeram parte de nossa vida. Das pessoas que passaram por ela e, inda que não as relacionemos a fatos, certamente fizeram algo por nós - bom ou ruim, pouco importa desde que reconheçamos essa experiência.

É tudo muito complicado para tentar explicar em tão poucas linhas... Mas por bem ou por mal, todos nós temos oportunidades de, em um dado momento, mudar o nosso mundo particular... E alguém ou alguma coisa leva a isso... Pouco importanto se é por uma decisão expontânea ou uma seqüência de fatos que, infelizmente, levamos muito tempo prá perceber!