quarta-feira, 21 de maio de 2008

Bendita Times New Roman

Algumas coisas atormentam meu coração e me inebriam a alma. Por exemplo, a ABNT manda-me usar Arial 12 com espaçamento duplo, entretanto, eu prefiro Times New Roman, tamanho 16 e espaçamento 1,5. Assim, algumas coisas a gente acostuma, assimila, aceita, outras não, posso até configurar um texto como manda a tal da ABNT, mas eu digito tudo em times 16. Mania, rabugice, capricho? Gosto e isso eu não troco.

Mas, nem tudo na vida tem pode ser como eu quero, pois grande parte das coisas não estão somente ao meu alcance, assim, aprendi a conviver com o acaso, com o inesperado e o inexplicável. Sim, porque existem coisas que você não deve tentar entender ou explicar, simplesmente precisa aceitar.

Por exemplo, o Grêmio ficar campeão da segunda divisão com sete jogadores aos 62 minutos do segundo tempo, Jack morrer no final de Titanic, bóia-fria ganhando uma miséria para dar de comer a uma repugnante burguesia, pessoas boas, puras e apaixonadas viverem apenas amores platônicos.

Gosto de acreditar de que tudo dá certo no final e que nossa estrada está trilhada e é escrita lindamente em Times 16 com 1,5, onde todos meus movimentos foram friamente calculados e o universo conspira para um desejo se realizar; mas isso pode soar um tanto quanto cômodo e um deixo a vida me levar pode nos deixar atônitos frente aos acontecimentos da vida.

Ilusões existem, decepções vão acontecer e dores foram feitas para serem sofridas, assim como a vida foi feita pra ser vivida, para isso é que todos os dias acordamos com a faca e o queijo na mão. Resta saber se vamos cortar o queijo, o dedo, se vamos jogar a faca fora ou encontraremos a goiabada e saborear um amor Romeu e Julieta!

Uma vez Chaplin disse que a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios e ele estava sabiamente correto, pois damos conta disso muito tarde e isso é maravilhoso. Dizem que a vitória para ser verdadeira tem que ter sido difícil, talvez todos os obstáculos que enfrentamos no dia a dia: as letras arial, a goleada perdida para o colorado, os amores não correspondidos e Rose cantando sozinha em alto mar, todos esses acontecimentos servem de tempero para uma receita de sucesso, aprendizado e felicidade.

Sim, felicidade. Aprender que temos que ser feliz e não ficar feliz: é a tecla que mais bato. A felicidade não é deve ser encarada como um tempo verbal, mas sim como uma constante nominal: não se conjuga, nem classifica: se vive, e isso eu não troco.

Claro, que há momentos que o cinza atormenta o pensamento, que angústia deita ao nosso lado e nos rouba o travesseiro, que o tédio nos corrompe a alma e enlouquece nosso intelecto, que lágrimas ocupam o lugar do sorriso e, é nessa hora que não devemos abrir mão do Times 16, mas sim cortar o queijo.

Cortar o queijo e sabendo compreender que ele pode ser mussarela, parmesão ou roquefort e o sabor pode não agradar ao seu paladar: agora. Porém, é preciso que o experimentamos e que se saibamos adaptar nosso paladar a um novo sabor: aceitar que esse novo gosto pode casar com nosso prato principal, mesmo ele não existindo, explicando a existência do inexplicável: afinal queijo fresco também é uma delícia e nem precisa de receita digitada em times 16, basta seguir os tormentos e brios do coração.

Observação: Todo esse texto foi digitado em Times New Roman, tamanho 16, espaçamento 1,5 e formatado para posterior publicação.

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