sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

M U L H E R


MULHER

“Puro êxtase. Complicada e perfeitinha. Princesa. Dama em Som de Cristal. Linda Demais. Canalha. Um anjo. Sexperienced. Boneca de Cera. Meiga Senhorita. A Garota da Chiclé. Irmã do Dr Robert. Aninha sem tesão. Fátima. Camila, Camila. Mary Jane. Lady Laura. Daniela. Maria. Renata. Elenir. Sandra Rosa Madalena”. Cada uma cantada de uma maneira, cada com um jeito, com algumas manias, com muitos mistérios, com incontáveis desejos e com infinitos sonhos: Mulher.
Para os filhos, a ídola para vida inteira. O ícone a ser seguido, a mestra das situações, a rainha do lar, a salva-vidas dos monstros do armário, o consolo antes da prova, o aconchego em dias exaustivos, a doutora de febres inventadas para não ir à aula. O abraço mais carinhoso, o beijo mais puro, o cafuné mais sincero. Àquela que nunca está cansada para seus pequenos e sempre tem a palavra certa, do jeito certo, na hora certa.
Para as mães, a sua oportunidade de ser mais. Não bastasse todo o carinho que dedicaram às suas meninas a vida inteira e serem delas ídolas, querem fazer delas sua projeção, ser mais do que foram (como se isso fosse possível) e concretizar sua missão de fazer melhor aos seus e aos que a rodeiam.
Para os homens, a dona dos sentimentos: amor, paixão, desejo, raiva, serenidade, paixão. Àquela que é motivo de brigas em público, de porres em bares, de tumulto no escritório, da fofoca do vizinho. Que arrebenta o coração quando passa, que enche de raiva o peito quando se dá melhor no trabalho, que faz borbulhar o sangue com o frescor do seu perfume, que cobre de satisfação quando executa uma tarefa com maestria. Àquela que muitas vezes ouve declarações de amor, reclamações do trabalho, xingamentos pela distância do parceiro ou pela dedicação excessiva às tarefas domésticas.
Para a natureza, o remédio para muitas das doenças da humanidade. Pureza, consciência, entendimento, doçura, dedicação e paciência: qualidades que se aplicadas na preservação dela e do que a cerca, em grandiosas doses seria o xarope infalível para a febre que atormenta nosso ambiente.
Para o mundo, o equilíbrio das relações. Há quem diga que o melhor dos líderes mundiais seria uma mulher, pois somente ela iria parar para ouvir e entender os dois lados da moeda e conseguiria uma conciliação onde só existe ódio e rancor.
Para elas próprias, seres normais e cumpridores de sua missão na terra: SER MULHER. E será que isso é pouco? Chegada essa época é comum ouvir algumas gozações sobre o sexo feminino e seu frágil comportamento e principalmente, porque merecemos um dia só para nós? Talvez porque é somente neste dia que o mundo pára para reconhecer seu valor e sua identidade.
Não que ser homem, seja uma desvantagem ou que isso não mereça reconhecimento nenhum, mas é que desde os primórdios a mulher ficou com o papel de coadjuvante. Os homens saíam para caçar e pescar e traziam a subsistência e o alimento para a família, o que merecia aplausos e prestígio, pois as feras que se encontravam da porta para fora não eram fáceis de se lidar. Cabia então a mulher a tarefa de cuidar dos filhos e da organização do seu lar, coisas lá que não eram muito arriscadas de se fazer. Assim, mesmo com o passar do tempo e com o crescimento do seu espaço no mercado de trabalho, as doutoras, mestras e lideres políticas ficaram em segundo plano e vistas ainda dentro de sua redoma de carinho e dedicação sem ter direito ao voto, a respeito, a salário digno e reconhecimento de seu potencial na sociedade.
Hoje, podemos dizer que nós mulheres, com muito custo conquistamos um lugar como gente em um mundo que privilegia o homem e que, ainda generaliza o todo com um o artigo definido ou indefinido masculino. Porém, ainda sofremos com discriminação em grandes empresas, com agressões verbais no trânsito e que somos julgadas quando incorporamos um coturno, um tailler, uma chuteira ou um salto alto e uma saia curta.
Então, para que lembrar o 08 de Março como o Dia Internacional da Mulher? Pois é aí que eu me refiro, senhoras e senhores, para lembrar o que todo dia a gente esquece: o valor e o potencial de uma mulher. Que assume mil facetas durante um mesmo dia: de mãe à chefe de departamento, de filha à secretária exemplar, de moleca à competente juíza, da lavadeira à administradora de empresas, da idealizadora de sonhos à construtora de ideais e ainda consegue ser humilde e reconhecer sua inferioridade diante do imenso contexto em que vive. Por isso é importante lembrar delas, ou melhor, da gente, pelo menos um dia no ano. Diante disso, faço-lhes um pedido, na próxima semana a “Semana da Mulher”, a cada dia homenageie uma mulher especial que faça parte da sua vida, fazendo-a lembrar a importância da sua existência no mundo, por que isso elas jamais devem esquecer.
Publicada no Jornal Liberal de 29 de Fevereiro de 2008

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