sábado, 2 de junho de 2007




Penso logo, sou famoso e ganho dinheiro. Continuando o raciocínio de semanas anteriores, (que para minha alegria rendeu algumas apreciações), apresento-vos outra versão da frase descartiana. Bem, sei que não devo generalizar, mas exercitar a massa encefálica pode trazer grandes benefícios monetários. Sábado passado tivemos a grande final do quadro Soletrando, apresentado no Caldeirão do Huck da Rede Globo. A tal brincadeira de soletrar virou febre e eu que já tinha uma gramática em forma de irmã dentro de casa, pude aperfeiçoar ainda mais meu dicionário ortográfico e refletir profundamente sobre: o prazer de CONHECER.
Em meio a tantos programas chatos da televisão brasileira, que só nos fazem regredir mentalmente, o quadro trouxe como “juízes”: o escritor e músico Tony Belloto e o Professor Sérgio Nogueira Duarte da Silva, formado em Letras pela UFRGS e Mestre pela PUC-RJ, além de instrutor e consultor de língua portuguesa do jornalismo da TV Globo, jornais "O Globo", "Extra" e "Expresso", e da Globo.com; que além de ensinar vários macetes e dicas para saber escrever e compreender os mistérios da língua portuguesa, resgataram a importância do conhecer e do aprender constantemente.
Fiquei extremamente emocionada com o fechamento do quadro, que sagrou o menino Aurélio Sampaio de Goiás como campeão. O pequeno notável, (que espero eu, vire ídolo entre os adolescentes), além de receber troféu, diploma de Campeão Brasileiro de Soletração, um cheque de R$ 100 000,00 para ser investido em seus estudos; abocanhou nada mais, nada menos que um Fardão Oficial da Academia Brasileira de Letras: sim, a vestimenta oficial dos Imortais. Chorei de emoção e morri de inveja. Quem preza a leitura, conhecimento, e mais, acredita na evolução da nossa caótica sociedade, ver um menino receber uma honraria da Academia foi memorável: foi ver brilhar a esperança na escuridão.
Lembro, novamente de Descartes, o iniciante pensador que através de sua já ultrapassada filosofia mecanicista fez brotar novos “seres pensantes”. Na época suas idéias foram criticadas, mais tarde aclamadas, hoje superadas; porém, tenho certeza que se Descartes estivesse vivo, sentiria orgulho e satisfação do dever cumprido. Sua fome de conhecimento inspiraram muitos e é isso que fez e faz que mais talentos existam e que mentes brilhantes se destaquem: a vontade de aprender e revolucionar. Admiro a audácia de alguns que não tem receio de parecer diferente em meio à taxativa sociedade, que impõe modismos e costumes. Principalmente, aqueles que abraçam a causa do conhecimento e não se reprimem por isso: não se sentem inferiores por escolherem a companhia de um livro ao invés de um resumo na Internet; orgulham-se de herdar e saber reconhecer a importância da coletânea dos Beatles e do Abba guardada pelos dos pais, ao invés do cd do Mc Leozinho: top nas paradas; que não se envergonham ter aprendido com o avô a tocar gaita e que sabem viajar ao som de Mozart: são os diferentes que fazem a diferença: destroem e reconstroem novos padrões e expectativas.
Precisamos evoluir rapidamente, quebrar estereótipos, mudar conceitos, reinventar regras. Bem disse o sábio e reverenciado Einstein: “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”. Entretanto, diante de alguns fatos quero acreditar que tempos de apatia estão acabando e que veremos num futuro breve, pessoas conscientes e amantes do conhecimento e sem medo do novo, seja ele: uma regra gramatical, uma palavra difícil de se soletrar, uma receita nova de bolo, uma fórmula avançada de física, uma piada sem graça ou um solo de guitarra. É difícil, é! E pode ser que não fiquemos milionários e nem ganhemos fardões de imortais, mas aprender e conhecer é necessário, saudável, não engorda e é preciso. Portanto: PENSO, logo EVOLUO.
Bye Beibes!

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