domingo, 26 de agosto de 2018

Você se conhece?


Você se conhece?

Imagem: http://www.nova-acropole.org.br/event/como-e-onde-conhecer-a-si-mesmo

Há alguns dias atrás, fiz uma enquete no meu Instagram, para saber das pessoas se elas acham que a gente precisa se conhecer como pessoa ou se precisamos admitir que mudamos constantemente dia após dia. Bem, antes disso vou abrir um parêntese e falar da enquete. Gente da minha vida, pesquisador precisa de respondentes! Conhecimento, conclusões, muitas vezes só são extraídas questionando! Então sempre que alguém te enviar o questionário por e-mail, te abordar em um supermercado com uma listinha de perguntas (observação 1: já me aconteceu isso), quiser te entrevistar, ou mesmo fazer uma enquete a fim levantar algum questionamento, por mais “bobinho” que pareça: não ignore! Todos eles em seus diversos âmbitos e linhas de pesquisa, são pesquisadores e que uma maneira ou de outra querem produzir conhecimento. RESPONDAM!
Ok, voltando ao foco inicial da conversa, minha indagação ao meu público seguidor no Instagram (observação 2: kkkkkk) era a seguinte: é importante nos conhecermos a fundo? E as opções de respostas eram: “Sim, é preciso” e “Não, mudamos sempre e todo dia” (observação 3: instagram, por favor, providencie enquetes com mais opções de respostas, obrigada).
De primeiro impacto confesso que a minha resposta ao meu próprio questionamento era: “Óbvio, precisamos nos conhecer, saber o que gostamos, o que não gostamos, o que queremos de meta de vida, porque afinal a vida e o mundo com essa enxurrada de oportunidades nos confunde e é muito fácil ficar confuso. Pois então, precisamos nos conhecer a fundo realmente para não nos perder”.
Mas, porém, contudo, todavia e entretanto, a leitura do livro “A sutil arte de ligar o foda-se” de Mark Manson, propõe uma discussão bem válida (observação 4: que me confundiu também), cuja resposta ao questionamento nos conduz a: “Não, mudamos todo dia e logo, portanto, não nos conhecemos”.
Tá, tudo bem, sem confusão, vamos aos fatos: aprendemos que a viagem do auto-conhecimento é extremamente necessária desde a escolha da profissão, do cardápio no restaurante, do esporte que se queria participar, até a pessoas que convivem conosco e ao que vamos viver com ela. Viver é uma escolha e cada escolha é uma renúncia, tão logo se vamos escolher uma coisa e renunciar a outra, é conveniente que saibamos o que queremos, gostamos e claro, o que não queremos e não gostamos.
Manson, menciona no quarto capítulo do livro, a Lei de Evasão de Manson. Nesse ponto livro o autor discute que estamos errados em tudo, inclusive ele e cita a lei que argumenta: “quando mais alguma coisa ameaça sua identidade, mais você a evitará”. Concordo que a ideia de que estamos errados diante de tudo é meio radical, no entanto, a proposta de que tudo de nos tira da acomodação, nos ameace, é o que mais evitamos, de fato é questionadora.
A retórica do autor sobre a lei, traz exemplos como, ganhar milhões na loteria ameaça sua identidade na mesma proporção que cair na miséria, ou seja, isso trará tantas mudanças que afetará você de forma vertiginosa em ambas as situações. Tudo bem, que a gente não escolhe cair na miséria ou ganhar na loteria, mas podemos adiar ou protelar projetos, temendo o fracasso e pasmem vocês, também o sucesso.
Erroneamente, atribuímos o nosso sucesso de alguma tarefa, missão ou vida a sermos aceitos, amados, idolatrados, seguidos e talvez, seja muito por isso que evitamos tais situações, que poderiam de fato mudar a nossa vida positivamente, pois o fracasso de não nos sentirmos seguros diante da vida e principalmente das pessoas nos atormenta (observação 5: nesta conversa nem vamos entrar no mérito “dos outros”, pois o que os outros pensam é problema deles e o julgamento deles vem com o que eles sabem, conhecem e viveram, vamos deixar isso pra outra hora).
Pois então meus caros, é aí que a coisa engrossa. Pois só admitimos crescimento, sucesso, glórias, confetes, somente quando somos efetivos e obtemos sucesso na tarefa, se fracassamos, logo, somos fracassados, não amados, incompetentes, ridicularizados e não aceitos (observação 6: o não aceitos é exagerado, mas vou deixar aí) e portanto, evitamos situações as quais são estranhas a nós e que não se ligue ao nosso jeito de ser: me conheço, não vai dar certo, vou fracassar e blá blá blá.
Se admito que eu sou um ser mutante, que se transforma, ou seja que lá no fundo eu não me conheço, eu me abro para o novo, para o desafio; entendo que o novo é libertador e que se eu errar tudo bem, porque se eu for um fracasso pelo menos eu tentei e que se der “bode”, eu começo de novo e “boa”. A partir deste ponto de vista do autor, o trabalho do autoconhecimento, o esforço do se conhecer e se encontrar é desnecessário, pois do contrário, viver em um estado de constante descoberta nos permite ser mais humilde nos julgamentos e na aceitação das diferenças.
Buda cita que quanto mais nos definimos mais nos aprisionamos, pois nos limitamos aquilo que entendemos de nós, é igual se apegar a astrologia: tudo bem que eu tenho muito das características de um capricorniano, porém moldar suas atitudes por regrinhas do mundo astral, não rola. Concordo com o ponto de vista de Manson e de Buda, no entanto, acredito que o autoconhecimento não é negativo e o se admitir mutante, também não, ao meu ver ter uma visão 8 e 80, também pode ser limitada.
De fato, passamos a nossa vida sem entender muito bem o que estamos fazendo (observação 7: a maioria das coisas), aprendemos pelos acertos e muito mais pelos erros, no entanto, quando erramos temos o costume de nos fechar a fim de entender o erro e não mais repeti-lo, num esforço de conhecimento. Acredito que esse é o rumo, precisamos nos conhecer sim, porém não nos limitar, entender que a vida é um mar de possibilidades e de oportunidades e principalmente que convivemos com pessoas, que também tem medos e querem acertar a todo modo.
Acompanhamos o tempo todo nas redes sociais, pessoas que se encontraram, se descobriram, entenderam sua missão, com o tempo e com a vivência que tiveram; para mim, essas pessoas passaram por um processo de conhecer-se para que através das experiências e dos filtros que a vida lhes deu, encontrassem o que de fato as fazia feliz e isso não tem nada a ver com ser aceito e idolatrado, mas tem a ver com o bem estar em si e perceber honesto com o mundo.
Não devemos ter uma visão limitada do mundo, mas principalmente não devemos ter uma visão limitada de nós mesmos, o exercício do autoconhecimento nos permite olhar para trás e perceber o quanto mudamos ao longo do tempo, o quanto já fizemos coisas que gostamos e que não gostamos, por não entender de fato o que estávamos fazendo. A melhor parte de tudo isso é perceber que crescemos e estamos melhores, a pior parte é entender que ao fazer isso compartilhamos nossas vidas com pessoas, que nos ajudam a crescer ou nos limitam e que nós permitimos crescer ou as limitamos.
Pois bem senhores, a vida é um mistério, no entanto, é pra ser vivida, errada, acertada, vibrada, amada e jamais negada! Então: segue o baile e beijo me liga!

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Incrivel!