sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Antagonismo




- Eu sentada no banco do meu carro, andando por aí, estou em movimento ou em repouso?
- Depende professora!
Claro que depende. Quando falamos em Cinemática dentro da Física, um corpo pode estar em movimento ou em repouso dependendo do ponto referencial adotado que consideramos a variação de posição do seu corpo ao longo do tempo. Eu posso estar sentada em relação ao banco do carro e em movimento em relação ao poste da rua.
Movimento e Repouso. Quente e frio. Doce e salgado. Tudo e Nada. Preto e Branco. Felicidade e Tristeza. Risos e Lágrimas. Vontade e Preguiça. Grêmio e Internacional. Amor e Ódio. Sofrimento e Gozo. Antagonismos. Contrários, contrários que se completam, que se fundem, que se confundem e confundem.
Misturando a física com a música, Gilberto Gil canta em “Pop wu wei”, que o movimento está para o repouso, assim como o sofrimento está para o gozo e o sofrimento está para o gozo como o movimento está para o repouso. A menção que Gil faz na música nos leva a refletir não somente no conceito físico que a letra trás, mas em como a presença dos contrários em nossas vidas podem nos ser ambiguamente valiosas, assim como o sofrimento e o gozo.
Como assim?
Basta olharmos para as inúmeras experiências que já tivemos durante nosso curto tempo de vida. Por quantas vezes não nos desesperamos por tentar interpretar o que de bom existia em momento que algo deu errado e sem entender não compreendemos os antagonismos da vida?
A cada dia que passa, a cada nova experiência vivida, angústia repartida, alegria partilhada e decepção percebida, percebemos o quão depende de nós abarcamos aquilo que vivenciamos e damos um sentido em tudo aquilo que nos acontece. Senhores! Ninguém é perfeito e a vida de ninguém é um mar de rosas. Muitas vivem no movimento, mas querem o repouso e outras estão no repouso querendo o movimento. Fato é que o movimento e o repouso dependem do referencial que adotamos, assim como o sofrimento pode virar gozo se mudarmos o referencial ao qual analisamos as situações.
Parece difícil, mas se agirmos assim poderemos levar a vida um pouco melhor. Já pararam para pensar em quanto tempo nós perdemos sendo ranzinzas, chatos com as coisas, de mau humor com as pessoas, sendo secos e frios diante das pessoas e as experiências que elas nos trouxeram? Muito tempo. Claro que ninguém consegue ver o gozo em todo o sofrimento, mas se começássemos a considerar o referencial que adotados para interpretar os acontecimentos, passaríamos a ser mais compreensivos e muito mais felizes.
Temos uma única vida senhores, e se continuarmos insistindo em vivê-la de modo, a ferro e fogo, sem considerar os antagônicos algodão e água, para sempre as tragédias permanecerão como tragédias em nossas mentes. Eternamente as derrotas nos atormentarão a memória e tudo isso será convertido em sofrimento e desamor.
Acredito que assim como eu, todos vocês leitores, sonham em uma vida com um céu claro e sol raiando, entretanto nem sempre é possível se viver assim. É preciso, no entanto, vermos que mesmo a tempestade é positiva e traz benefícios a nossa vida. Só é preciso sabermos qual o referencial que adotamos para considerar a sua importância. E outra, o sol sempre volta a brilhar e brilha, até no inverno, o que é muito mais gostoso. E muito mais antagônico.

Pollyanna Gracy Wronski foi antagônica em todos os parágrafos e no verão, prefere o inverno.

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