quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sempre doce...



... é assim que sempre deveria ser.

Atire o primeiro panetone, brigadeiro, olho de sogra, quindim ou sonho de salva, quem não gosta de doce. É humanamente impossível encontrar um só ser humano que não se derreta por um docinho. Nos sabores, recheios, coberturas; diversas surpresas.
Gostar de doce, ser doce. Em literal significado, a doçura é a qualidade do que é doce, de quem é doce e de quem tem suavidade e brandura. Assim, suave e sempre doce é que nós deveríamos sempre ser, que a vida deveria sempre ser.
Sempre doce. Assim deveria ser, desde o momento em que ganhamos nossa vida, que somos brindamos pela dádiva da existência, sempre doce. No momento em que de ponta cabeça, viemos ao mundo e somos pressionados com a força do tempo que começa correr em nossas veias e em choro, com milhões de luzes e expectativas em nossa cara, nascemos e com um beijo da doce mãe emocionada, somos acolhidos.
Sempre doce. Assim deveria ser, sempre nossa vida, como na infância, aqui onde tudo é doce. Correr, brincar, se lambuzar. Ter esperança, sonhos, ser puro e verdadeiro de coração. Suavidade nos gestos, pensamentos e na alma.
Sempre doce. Assim deveria ser, quando criam em nossas vidas, os verdadeiros valores desta doce vida. A mansidão, a serenidade, a paz, o carinho, a ternura e a doçura. Sem pensar que existe inveja, rancor, ódio, maldade e traição.
Sempre doce. Assim deveria ser, quando somos adultos, cheios de responsabilidade e compromissos. Com a doçura nas mãos, deveríamos sempre conduzir nossos relacionamentos e atitudes, sem pensar na impertinência do tempo e insolvência dos acontecimentos.
Sempre doce. Assim deveria ser, sempre a nossa vida, como quando você está com muita fome e sem esperar ganha o seu bombom favorito. A satisfação dos olhos e a alegria do coração mostram a doçura dos gestos e da vida.
Sempre doce. Assim deveria ser, quando abrimos o bombom. O desembrulhamos com todo o cuidado, para que nada dele se perca e, com mais atenção ainda, o envolvemos com importância de não ser um simples bombom que matará a sua fome, mas com a relevância de ser um pedaço de nossa vida que não voltará mais.
Sempre doce. Assim deveria ser, quando você dá a primeira mordida no bombom. Sente, com calma, todo o prazer que aquele sabor lhe proporciona. Aprecia, dentro do tempo necessário, cada pedacinho dele e sente o sabor que tanto lhe agrada.
Sempre doce. Assim deveria ser, a nossa vida, mas nem sempre é. Pois nem sempre o doce é doce. Às vezes, o papel que o envolve não é o mais bonito, o seu aspecto não é do mais saboroso e seu sabor nem sempre é agradável. Às vezes, o doce de velho perdeu o sabor. Às vezes, ao invés de ser doce é amargo, azedinho ou tem um recheio que não admiramos. Às vezes, o abrimos e mastigamos com tanta pressa, que nem temos tempo de aproveitar bem o seu sabor. Às vezes, de tão sedentos por alimento, o engolimos praticamente inteiro, sem sentir seu sabor e de maneira que a única coisa que nos irá proporcionar é uma grande dor de barriga. E ainda tem, àquelas vezes, as quais o momento que o saboreamos é estragado por um susto ou surpresa, que faz com que nem tomemos ciência do sabor, do doce, do prazer e da alegria que é saboreá-lo.
Sempre doce. Assim deveria ser, a nossa vida, mas nem sempre é. Como se fosse um doce embrulhado, às vezes temos pressa para abrir. Na ansiedade de comê-lo, logo e de uma vez, não percebemos o quanto o doce é doce é doce e, quando nos damos conta o sabor acabou. Às vezes de tão amargos que estamos por causa dos desafios sorrateiros e diários, não sentimos o doce, da nossa vida, e ainda, amargamos a dos outros.
Sempre doce. Assim deveria ser, a nossa vida e a vida de todos que nos rodeiam. Sem pressa e com os verdadeiros sentimentos no coração, aproveitar dia após dia e em tudo o que fizer, com gestos e palavras, trazer a doçura nas relações. Assim deveria ser, como quando se ganha um bombom, com surpresas boas ao ganhá-lo, com alegria e ternura de saboreá-lo, com a felicidade de dividir ele com amigos verdadeiros.
Sempre doce. É assim que deveria sempre ser.

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