sábado, 26 de junho de 2010

Mulheres a beira de um ataque de nervos...



Mulheres a beira de um ataque de nervos
- Professora, corrigiu os trabalhos?
- Não.
- Colega, terminou o trabalho de Sistemas?
- Não.
- Terminou o artigo que eu pedi?
- Não, né? Dá um tempo!


Tá, estressadinha, é?! Estressadinha não, estressadona e não sou só eu: é a maioria ao meu redor. Nervos a flor da pele, tolerância zero, sem paciência, cheia de coisas para fazer e sem tempo para piadinhas, a não ser as minhas é claro. No trabalho, na faculdade, na pós, em casa: compromissos de um lado para o outro; mil coisas para fazer: imagino eu, pense só naquelas que tem filhos, e maridos, e namorados. Haja saco!

Surtar é fácil e normal, mas não é permitido, porque temos que ser 25 horas por dia às portadoras da doçura, da calma, da tranqüilidade, da submissão e da paciência. Desculpem-me, mas tenha dó, temos o direito de nos estressar, às vezes.
Domingo, em meio a um dos raros momentos em que com peso na consciência assistia televisão e lamentava por estar ali e não estar estudando, o programa Fantástico apresentou uma pesquisa feita com mulheres de São Paulo, que revelou que elas nuca foram tão estressadas, e não são só as de São Paulo não, garanto que 1 em cada 3 mulheres sofrem com o estresse.

Tal estudo foi feito com cerca de 100 mil homens e mulheres e revelou que muita gente está com problemas, principalmente as mulheres. Em torno de quase 30% delas responderam que os problemas domésticos são o maior motivos de estresse, em segundo lugar, ficou a questão do dinheiro e em terceiro, o trabalho.

O trabalho orientado pelas secretarias de Saúde estadual e municipal de São Paulo e pela Sociedade Paulista de Cardiologia, apresentou ainda que o número de mulheres à beira de um ataque de nervos é muito maior do que se imaginava.

Segundo os resultados da pesquisa, o nível de estresse foi uma surpresa para os pesquisadores, (não acredito como foi surpresa, pois estresse em mulheres é natural) e principalmente em casa. Isso porque, a mulher do século XXI e do ano 2010, já pensando no final de 2012, tem que lidar não somente com aquilo que sempre foi de sua competência: cuidar da casa e dos filhos, mais acresça isso aos problemas com a profissão, com o estudo e ainda com os demais setores que ela ocupa na sociedade; podemos dizer que ela é uma versátil guerreira em diferentes campos de batalha.

Todo dia, uma agenda lotada de coisas e compromissos com um relógio que desperta às 6da manhã, com direito de dez minutos a mais para iniciar uma maratona de coisas, que forçam a mente e o coração. Diante da pressão e do estresse, o cérebro manda uma ordem para o corpo mandar adrenalina, uma substância produzida por glândulas que ficam acima dos rins. Quando ela cai na circulação, o corpo acelera e a respiração fica mais rápida. Se o estresse virar rotina, cuidado com o coração.

Outras recentes pesquisas ainda revelam que o estresse causado pelo trabalho aumenta ainda mais o risco de problemas cardíacos em mulheres com menos de 50 anos. Essa pesquisa apresentada no Portal Educação analisou mais de 12 mil enfermeiras com idades entre 45 e 64 anos durante 15 anos. No ano de 2008, 580 enfermeiras tiveram isquemia cardíaca, sendo deste total 369 com angina e 138 com ataques cardíacos. E os problemas não param por aí, se o estresse vier aliado ao fumo e o diabetes, tem 35% mais chances de desenvolver doenças cardíacas do que as que não se sentiam afetadas pelo estresse.

Porém, a mais deprimente das pesquisas revela que além do mau humor, o estresse também engorda. É claro! Quem é que nunca desabafou as mágoas com um brigadeiro de panela, um pedaço de bolo ou uma barra de chocolate? Esta, feita por estudiosos do Instituto Weizmann, de Israel, e publicado na revista científica Proceedings of the Nacionational Academy of Sciences (Pnas), mostrou que a tensão ativa uma área cerebral que produz a proteína UCN3. Aí vem o perigo que é duplo: a proteína age no fígado, pâncreas, coração e cérebro e desperta a vontade de comer e diminui a sensação de saciedade.

Todavia, é preciso considerar, mesmo sendo difícil, que precisamos dar maior atenção ao estresse. Para muitos especialistas, é importante reconhecer que o estresse é fator de risco para a saúde tão importante quanto o cigarro e o álcool e ainda que as pessoas precisam dar a devida atenção ao estresse, pois as pessoas, sejam homens e mulheres, ainda não têm noção do quanto a vida estressante é prejudicial.

É vocês, leitoras do sexo feminino, sei que me entendem. Estamos realmente a beira de um ataque de nervos, de um infarto, da diabetes, de um colapso nervoso e ainda mau humoradas e gordas. Porém, é preciso vencer o estresse para ter uma vida um pouco mais saudável e prazerosa, sem peso na consciência por ter feito isto ou aquilo, porque viver na pressão 25 horas por dia e ainda ter que escutar que “tá estressadinha”, não dá. E vocês homens, que convivem conosco, mais paciência, porque a nossa já acabou.

Pollyanna Gracy Wronski é Bióloga Licenciada, Professora, Acadêmica de Ciências Contábeis e se assemelha muito com as mulheres da pesquisa do Fantástico.

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