terça-feira, 11 de maio de 2010

Diário?!

Engraçado... Dias atrás eu trabalha o texto do tipo "diário" na disciplina de Português com meus alunos de 4º Série, e ali, no meio de vários exemplos trazidos pela apostila e também pelas experiências já vivenciadas de meus pequeninos, surgiu, a mim a indagação?

- Profe, a profe tem diário?

Bem, no momento eu respondi que não, que já, há anos anteriores, em tempos de adolescência, aquilo para mim era rotina, pois adorava escrever o que acontecia em meus agitados dias de estudo e ainda ria muito depois de tudo aquilo...

Porém, hoje aquilo não mais acontecia. Não que eu tenha mentido, pois de fato, não conto a minha agenda de compromissos e contas a pagar e coisas que não posso esquecer, a rotina de meu delicioso e agitado dia a dia, todavia, é fato também, que se foleardes algumas páginas desta mesma agenda conturbada, podereis encontrar: pensamentos, desabafos, angústias, que resolvo calar ao invés de por pra fora.

Fazia tempo que não escrevia, é verdade, e como fiquei tempos sem escrever vi o quanto isso me faz falta, pois ao invés de escrever e calar, eu, acabei falando. Não que falar seja errado ou mesmo proibido, mas talvez eu "falando" com a agenda, ou mesmo em frente a um computador, sou muito mais inofensiva do que ao vivo e a cores.

Descobri, neste tempo que fiquei afastada das páginas de jornais, dos documentos do word e das páginas das agendas que, realmente as palavras são uma arma para mim, que domino-as de tal forma, que como um tiro posso ferir e matar qualquer um ao meu redor: de amor e de dor. Fascinante não?! Fascinante, tentador e altamente perigoso, pois destilar minhas palavras àqueles que me rodeiam, sem as antes ponderar, escrever e questionar, eu posso enfim, ser eu mesma e ser assim me dá medo.

Medo? Sim, medo. Talvez a única coisa que realmente me dê medo seja eu mesmo, à flor da pele, escondida da minha razão que sempre fora a minha companhia. Talvez, eu tenha ouvido demais aquele conselho de minha sábia mãe que dizia assim: "Deus lhe deu dois ouvidos e uma boca, logo deves falar menos e ouvir mais", desta forma aprendi a sempre avaliar o terreno, a ponderar atitudes, a calcular impactos de ações e de palavras.

Logo, se me roubam ou mesmo eu me proíbo de tudo de minha racionalidade, me vem à emoção, coisa que eu não sei lidar, que faz não saber agir e assim as palavras me dominam e não eu a elas. Podem achar até, que seja um erro, negar à emoção e conviver com páginas de word, de agendas e jornais escritos, porém talvez assim eu seja bem mais inofensiva e feliz, eu com minhas palavras e minhas palavras comigo.

E é por isso que eu amo escrever.

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