sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Esperança



O que a mata?
Diz o ditado que esperança é a última que morre. Segundo o dicionário on-line de Português, esperança é a expectativa de um bem que se deseja: é a grande consoladora.

Entrando na epistemologia da palavra, esta vem do latim sperare, que é um sentimento que leva o homem a olhar para o futuro, considerando-o portador de condições melhores que as oferecidas pelo presente, de tal sorte que a luta pela vida e os sofrimentos são enfrentados como contingências passageiras, na marcha para um fim mais alto e de maior valor.

Assim, para a filosofia, a esperança é uma virtude e não é um produto de nossa vontade, mas de uma espontaneidade, cujas raízes não nos pertencem, porque não é ela genuinamente uma manifestação do homem, mas algo que se manifesta por ele, porque não encontramos na estrutura da nossa vida biológica, nem da nossa vida intelectual, uma razão que a explique. Tal concepção filosófica, talvez responda, porque, inconscientemente não desistimos de certas coisas.

Se ter esperança é esperar, quem espera, logo espera alguma coisa; confia e tem fé que aquilo realmente aconteça. Seja a conquista de um bem material, de um cargo profissional, de um sentimento por alguém, de uma conquista pessoal, seja lá o que for: através do nosso dia-a-dia, das nossas vivências pessoais, dos nossos relacionamentos e das nossas expectativas em relação ao futuro: criamos as nossas esperanças, traçamos nossos planos, estabelecemos nossas metas e embasamos nossos sonhos.

E fato é que quando desejamos alguma coisa, verdadeiramente, respiramos diariamente tal meta, mesmo sem perceber como diz a filosofia. Tudo, desde o nosso acordar até nosso adormecer, gira em torno de tal desejo ou objetivo.

É certo, que toda conquista há de ser árdua e muitas vezes dura e doída. Logo, em busca do foco que cultiva nosso sentimento de espera, encontramos inúmeros obstáculos que “tentam” nos desviar de nossa meta final, as contingências passageiras. Assim, por muitos momentos em que ao chão, remoídos já de tantos percalços rumo ao objetivo final, de tão cansados de “apanhar”, a vida nos leva a refletir se tanto sofrimento, se tanta espera, realmente VALE A PENA. Será que vale?

Bem, a esperança considerada uma virtude é vista por alguns como algo fomentado somente pelos sábios perante os ignorantes, que a revalorizam, pois, a tal da esperança que não morre, é grande companheira dos ignorantes. Segundo tais pensadores, ela é irmã daqueles que não tem meios de fazer acontecer, aí estes se agarram na esperança e nela muitas vezes ficam estagnados.

Um tanto quanto radical pensar assim, pois se lembrarmos da época que antecedeu a vinda do Menino Jesus, o povo “esperava” a vinda do Salvador, que veio justamente trazer uma mensagem de esperança. Logo, acredito piamente que a esperança deve ser uma aliada e companheira, mas deve ser consciente e não “acomodadora”. O ato de esperar por si só, revela virtudes como a paciência e a temperança e no tempo de espera somos, junto com nossos objetivos, sonhos e metas, postos a prova a fim de avaliarmos nossas condutas e que rumo está tomando nossa vida.

Porém, a esperança, como já dito, não tem raízes intelectuais. Muitas vezes, cultivamos dentro de nós, uma esperança tão estranha, que faz com que ficamos confusos diante da vida. O alvo de nosso desejo parece estar mais longe do que perto, o mundo parece conspirar contra e nós comumente: desistimos.

Desistir. Palavra que soa como amiga dos fracassados e acomodados, que se julgam, fracos para enfrentar aquilo que se busca. Ouvi uma vez que desistir é uma atitude de fortes, não concordo, porque desistir é julgar-se inútil e falho. E quem tem esperança, não é assim.

É viável dizer que perdemos a esperança e rumamos para outro objetivo. E o que faz com que percamos a esperança? Ouso dizer a indiferença, porque ser indiferente aos seus desejos não é sinômino de desistir e esse desistir, não é coerente. É coerente quem desiste de um algo em função de outro que achou mais viável.

Todavia, em tempos aqueles que o desejo parece estar longe e o mundo parece conspirar contra você, existe algo dentro de ti que diz que ainda é preciso acreditar e esperar. Até quando a espera é válida? Se não corroa e não machuque, vale a pena, porém, mais uma vez eu repito, a vida é feita de escolhas. E o que fazer para que a esperança se renove e ressurja das cinzas? Atitudes. O povo que esperou Cristo, viu ele operar maravilhas em sua vida, alguém que esperou o amadurecimento para se engajar em um novo cargo, eu que espero respostas ao invés do silêncio.

Advento é o tempo da espera, espera para a chegada do Natal. Que a esperança consciente e sadia seja companheira de vocês, sempre e se vier do coração: JAMAIS, desistam.

Nenhum comentário: