terça-feira, 6 de outubro de 2009

Bom, não é ótimo.



Estamos tentando melhorar.

- Ficou legal, Polly.

E a Polly torceu o nariz, viu aquilo tinha muito a melhorar ainda e sem conversa, remeteu:

-Vamos tentar de novo.

E fomos lá, pela terceira vez, ficou meia boca até. Concordo, depois de uma analisada mais com calma, percebi que tinha ficado bom. Bom, não ótimo, pois ainda podia melhorar.

Não precisa nem consultar o oráculo e confirmar as tendências astrológicas de uma capricorniana com ascendente em câncer, para perceber que o perfeccionismo é um das minhas principais características. Concordo que em alguns momentos isso pode ser positivo, pois pessoas assim tendem a dar o máximo para que as coisas realmente saiam conforme o planejado, porém o máximo, pode ser não só o máximo do esforço, o máximo da dedicação, mas o máximo do estresse, do nervosismo, da cobrança e da perfeição.

Como perfeccionista, assumo meu comportamento e às vezes não me orgulho disso, porque perfeccionismo em excesso faz mal. E faz mal não somente as pessoas que nos rodeiam, porque tem que conviver com as exigências e muitas vezes falta de maleabilidade dos perfeccionistas, mas faz mais mal a nós os exigentes em excesso que acabamos por colecionar uma porção de outros defeitinhos e problemas que aumentam nosso carma.

O fato é que os perfeccionistas aprenderam muito cedo que vivemos em um mundo altamente competitivo que dará lugar somente aos melhores e para isso as pessoas, o ambiente, o mundo coorporativo estariam constantemente avaliando seu trabalho, medindo suas conquistas, o que conquistou e o que deixou de conquistar.

Porém, para avaliar uma postura, um comportamento, o que é levado em consideração não é somente a quantidade de acertos, mas a falta de qualidade que conduziu aos erros e errar para os perfeccionistas é como levar uma facada no coração.

Segundo estudos, diante da avaliação do meio, essas pessoas podem ter aprendido a avaliar-se somente na base da aprovação de outras pessoas e tal comportamento pode conduzir a construção de uma auto-estima baseada em padrões e opiniões externas. Pior é que isto pode tornar as pessoas vulneráveis e excessivamente sensíveis a opiniões e criticas dos outros, desta forma o ser perfeito é a sua única defesa e assim, raramente algo sairá bom e o negativismo ou como eu costumo dizer “a boa dose de realidade” são companheiros em todos os momentos.

A convivência com alguns sentimentos, pensamentos é inevitável, tais como o medo de errar. A tendência é constantemente associar as falhas em seus objetivos de vida com uma falta pessoal, isso faz com que as atitudes sejam tomadas com um milhar de medidas de precaução, retardando ou mesmo não realizando uma ação ou atitude.

Os perfeccionistas geralmente comparam erros com falhas, onde tudo que deu errado tem um porquê e geralmente a razão do porquê, foi uma postura errônea deles, assim preparam suas vidas em razão de evitar erros. Mais perturbador que ele próprio reconhecer seu erro, é deixar os outros verem as suas falhas, onde o medo da desaprovação é constante e o temor de não serem aceitos é eminente. Assim, o ser perfeito é uma maneira de se proteger do criticismo, da rejeição, e da desaprovação.

Tais características formam um padrão de pensamento definitivo, onde ações serão sem valor se não forem perfeitas e assim as situações são vistas em perspectivas: “Eu não tirei um 90, não consegui tirar um 100”, seguido disso vem a fase dos deveria: “deveria ter estudado mais”, “deveria ter falado menos”, “deveria ter ficado calado”; e essa super ênfase, rígidas por si só, conduzem o modo de vida e de agir dessas pessoas.

E não pensem que o perfeccionista não se dá conta de seu comportamento. Percebemos e constantemente tentamos adotar uma postura mais light de viver. Estamos sempre nos auto avaliando e contamos com um considerável auto-conhecimento, sabemos o que estamos fazendo e o porquê disto. Logo, o que mais os incomoda não é a cobrança consigo mesmo, mas a esperança de que todos ao redor sejam perfeitos, de acordo com o modelo “particular de perfeição”, mesmo sabendo que ninguém é perfeito, nem o perfeccionista.

Aprender a conviver com os erros, ter mais firmeza nos meios e saber que o sucesso do fim depende do viver saudável destes meios e considerar que o bom, mesmo não estando ótimo pode ser bom, atenua o padrão perfeccionista de ser. Porém, entendam a gente senhores, afinal estamos tentando dar o que temos de melhor no que fizemos e isso não é pecado.

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