quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Tempo em Fúria


Desastres naturais, voltam a assustar e custar.

Caos, medo, desabrigo. Essa foi a mistura de sensações e sentimentos sentidos pelos moradores dos municípios do extremo-oeste de Santa Catarina que sofreram com tornados na última terça-feira, dia 08 de Setembro. Foram casas, escolas, galpões e ginásios afetados pela chuva e pelo vento forte.

A cidade de Guaraciaba, próxima a Argentina foi a que mais sofreu com o “fúria do tempo” e registrou um total de 9.100 pessoas atingidas, 667 prédios danificados, 89 feridos e quatro mortes. Dados da Defesa Civil, revelam que o Estado tem 38 municípios em emergência e o processo de reconstrução de tudo exigirá paciência e claro uma boa quantia em dinheiro.
Falando em gastos, um estudo acadêmico coordenado pelo professor Martin Parry da Imperial College London, universidade britânica e realizado pelo Instituto Internacional para Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED) previu que os custos totais da irresponsabilidade humana quanto ao meio ambiente pode subir e muito.

O relatório divulgado na última quinta-feira em Londres, afirma que os custos de adaptar o planeta às mudanças climáticas provavelmente serão duas a três vezes mais altos que os previstos pela Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) em 2007. Neste ano, a convenção da ONU sobre clima orçou um custo de US$ 49 bilhões e US$ 171 bilhões por ano, como “valor adaptativo” das mudanças climáticas até o ano 2030 e onde mais que a metade desse valor teria de ser aplicado em países em desenvolvimento.

Porém, ao fazerem suas considerações, os cientistas não orçaram setores fundamentais, tais como energia, indústria, comércio, mineração e turismo. "Só avaliando detalhadamente os setores estudados pela UNFCCC, estimamos os custos de adaptação entre duas e três vezes mais altos. E se forem incluídos setores que a UNFCCC deixou de fora, o custo verdadeiro é muito maior", afirmou Parry.

O chamado "preço da adaptação" é um dos principais pontos usados para nortear as negociações internacionais sobre mudança climática. Copenhague em dezembro será sede da próxima reunião da ONU, onde analistas prevem dificuldade de acertos e acordos. Nos próximos encontros, eles pretendem discutir um novo tratado internacional para substituir o Protocolo de Kyoto, que estabelece limites às emissões de gases do efeito estufa e que expira em 2012.
Preocupada também com os custos da exploração humana, a França anunciou essa semana um novo imposto para combater aquecimento global. A medida polêmica e nada barata estima que, residências pagarão R$ 45 por tonelada de dióxido de carbono emitida a partir de 2010. O governo francês com a integração do imposto passa a ser a primeira grande economia do mundo a introduzir o imposto e vai incidir gradativamente sobre petróleo, gás e carvão. Os valores cobrados circularão entre 17 euros (o equivalente a cerca de R$ 45) por tonelada de dióxido de carbono emitida e com isso o imposto vai cobrir 70% das emissões no país e trazer 4,3 bilhões de euros (o equivalente a cerca de R$ 11,4 bi) para os cofres públicos a cada ano.

Será que temos na França um pequeno indício de preocupação humana com o nosso ambiente e com a possível possibilidade de vida futura em nosso planeta? Pelo que nos parece sim, já passou da hora de nos esquivarmos das responsabilidades e da nossa eminente culpa, frente à fúria que o tempo anda expressando. Já que destruição e morte não sensibilizam o homem, o único jeito é apelar pelo bolso (se é que isso fará alguma diferença) e enquanto isso não cai na conta, rezar para que o tempo não se volte contra nós.

Nenhum comentário: