sábado, 13 de junho de 2009

Dia dos Namorados

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Pois bem, mas bem ou mal é preciso comentar. Porque tudo está vermelho e não é de raiva. É, ontem, os casaizinhos apaixonados comemoraram o Dia dos Namorados. Muitos com toda a pompa e circunstância, com direito a serenata ao pé da janela, ramalhete de flores, caixa de bombons, cartões apaixonados e jantar romântico regado a vinho e luz de velas. Outros foram mais singelos, lembraram, presentearam e não deixaram de declarar seu afeto.


E sem demagogia, aos que esperavam, não vou destilar meu ineficaz veneno sobre esta data, afirmando as vantagens de estar sozinho e tale coisa. Muito menos vou lamentar por passar mais um Dia dos Namorados, sem namorado, pois são coisas da vida, enfim. Assim, os demais solteiros de plantão, como eu, que não me venham com aquele papinho tosco de que Dia dos Namorados é uma besteira, porque só se gasta dinheiro e é um só, enquanto quem é solteiro comemora todos os dias.



Mesmo de bem com a vida, e felizes, e alegres e sorridentes, a verdade é que todos os solteiros (e solteiras pior ainda) morrem de inveja de todas as declarações que os amigos e amigas mandam e recebem nesse dia. Por mais que uns tentem camuflar ou esconder, falando no consumismo da data e que o amor se perdeu e é tudo um jogo de mentiras e interesses, a gente se MORDE de inveja nesse dia, podem confessar.


Tudo bem, que a gente também fica com dó de muitos que recebem as tais declarações e corações neste dia e um belo par de chifres em todos os outros e, nessas horas, dá graças a deus de comer a truffa e tomar o vinho junto com as amigas. Entretanto, é inato do ser humano, quer ser querido, acreditar no amor e sonhar em viver “aquele” dia de conto de fadas.



Por mais que a gente adore uma festa com amigos, uma balada só com as velhas amigas, risadas sem compromisso nas sextas e sábados à noite com os colegas da faculdade e do trabalho; o fato é que por traz daquela camada a mais de rímel e da espirradinha a mais de perfume, vem escondido o desejo de encontrar e/ou conquistar alguém especial.



E engraçado, que essa busca por compromisso, meio sem compromisso, tende a piorar quando chega o dia dos namorados e o frio. Estava lendo uma crônica da escritora Tati Bernardi que dizia assim: “Em alguns momentos da vida, mais comumente quando começa o inverno, repensamos nossos “descartes” (não o pensador) pelo mundo afora. É a época em que cai a ficha, finalmente, de que o tal moço incrível que vai te dar segurança, filhos, amor incondicional, cultura geral mas com profundidade e quinze orgasmos por semana pode não existir. Aí você pensa: poxa, mas tinha aquele lá, ele não era tão ruim, era? Acabou por quê?”



Solitários, sem cobertores de orelha, admitimos, talvez, que fomos (e somos) um pouco exigentes demais e para tanto, estamos passando frio e vontade. Por momentos, por egoísmo e auto-suficiência perdemos pessoas que poderiam fazer a diferença em nossas vidas, aí amargamos os erros e não adianta chorar.


Às vezes eu ouso a teorizar que o amor mesmo, daquele dos tempos dos nossos avós e pais, não exista mais, em virtude da existência de tanta mentira, traição e falta de paciência das pessoas. E isso faz com que não exista mais respeito entre as pessoas e nem relacionamentos duradouros. Por que? Porque todo mundo quer achar alguém perfeito, mas estamos carecas de saber que ninguém perfeito. Percebo que isso para muitas pessoas pode ser uma fuga para não se entregar de vez nas rédeas da paixão e confirmar a teoria de que eu sou suficiente e o bom mesmo é viver sozinho.



Porém, estamos mais carecas ainda de saber que para quem quer viver junto, é preciso aprender a conviver com os defeitos e erros e perdões, e conceber a ideia de encontrar alguém que se molde a você e você a ele e, assim, desse jeito viver aquele melado romance mexicano com direito a quatrocentos e-mail´s por dia, com letras de músicas apaixonadas, tremor de frio nas mãos e olhar apaixonado para lua.

Sob essa ótica eu volto a acreditar que o amor exista e que o Dia dos Namorados por ser um dia de sentimento verdadeiro, pois percebo que ainda existem pessoas que conseguem, em meio a essa busca pela perfeição, conviver harmônica e amorosamente seus dias.



E com a idade chegando e em meio a tantos aprendizados, ouso a falar que eu posso ser uma dessas pessoas e se tiver chance e ano que vem né, comemorar o 12 de Junho! Porque esse já passou e eu de porta aberta e bem feliz, amarguei sim, alguns erros, fiz parte da campanha chupe o dedo nos Dia dos Namorados, tomei vinho com alguns amigos e invejei todos os ramalhetes de rosas vermelhas que desfilaram por aí.