domingo, 24 de maio de 2009

Medo do Mar



(Em 05 de Março de 2009)
Ando vagando pelo vento. Ando sem um rumo certo. Ando pra onde eu vejo luz, e nem sempre é luz. Ando perdida. Ando com os pés trêmulos e caminho com passos em falso.

Perdi meus firmes passos, depois que conheci o mar. Perdi minha espontaneidade, perdi minha calma, perdi no meu jogo. Lutei com as armas as quais eu jurei jamais usar, bem aquelas que me traziam a maior recusa, foram bem estas que usei.

Eu, que sempre meço as palavras, calculo passos, elaboro estratégias, eu me deixei levar. Bem eu, que falei nem pensar. Que sabia todas as armadilhas que continham naquelas águas, que já tinha ouvido falar de todas as incertezas que na vida ela nos dava.

Entretanto, não mais que sorrateiramente, um brilho estranho e novo veio a me encantar, meus olhos incendiaram de uma nova forma, que curiosa, pela primeira vez quis eu conhecê-lo de perto.

Por querer, mas sem perceber, ousei, em me jogar em um mar, o qual eu jamais quisera saber a profundidade. Percebi o arrepio das águas geladas e o calor da emoção a flor da pele ao encontrar espécies e conviver com uma experiência a qual jamais havia vivido.

Aprendi coisas as quais jamais eu conseguira aprender dentro da minha monótona rotina de meus dias. Porém, como eu não sabia o caminho e o que me esperava, eu fui, sem saber a hora de voltar.

Lancei-me, por querer mudar. Precisava sentir que havia um sangue quente em minhas veias, mesmo por entre mãos e coração gelado. Que podia aprender com a beleza e com a sapiência do mar. E senti, e vivi, e sofri, por ter que voltar. Mergulhei nas descobertas, na experiência. Mergulhei nos erros, em angústia, em dúvidas e ilusões.

Agradou-me a ideia de pisar no falso, de experimentar o perigo, de ser levada pelo vento, pelo sabor do mar e tentar buscar para sempre comigo, aquela luz que tanto fez bem ao meu coração.
Todavia, o mar que tem águas quentes e mostra faces com belas paisagens, como eu, não é seguro e sofre com a ação do vento, do tempo, da tempestade. Quisera ser só eu, o mar e tudo de bom que eu vivi. Sua companhia era só o que me bastava, me fazia pensar em nada, só em viver e viver feliz.

O vento e a tempestade nos afetaram, de tal modo que eu não mais senti suas águas geladas me esquentando e mostrando-me as belezas da vida. As águas se agitaram e fizeram-me perder em meio a um turbilhão de sentimentos.

Lutei, tentei buscar o caminho de volta, porém fui levada por suas ondas, sem rumo, de um mar que já não comandava a força e a direção das ondas, nem obedecia sua própria vontade.

Do mar, do sábio mar, do calmo e maravilhoso mar, eu fui obrigada a me afastar. Sua inconstância agitou meus pés, que quiseram novamente pisar em sólida e consistente terra firme. Trouxeram-me novamente para terras conhecidas, com as mesmas paisagens, mesmas seguras sensações, com a minha mesma rotina de sempre.

Hoje, habito nestas terras firmes, por querer, mas, tenho medo e saudades do mar. Ainda estão em minha memória, os bons sentimentos, as belezas e tudo que mesmo fria, me fez quente ao conhecer seus mistérios.

Olho em seus olhos todos os dias, mas não vejo mais um brilho convidativo, mas uma luz ofuscada que não me permitem entender o que ele quer me dizer. Será que ele ainda tem algo a me dizer ou ensinar?

Suas águas congelaram meu coração, me deixaram mergulhada em um profundo cinza, com dúvidas a calar, angústia no olhar e sem aquele riso fácil, que me fazia todo dia admirar o calor do sol e ao longe ouvir o barulho intrigante daquelas águas.

Sem firmeza no andar, mantenho-me distante, sentada na areia, olhando suas ondas, que me fazem saudosa, feliz e que me amedrontam. Sei que ele me trará respostas, me ensinará coisas novas, me fará muito feliz. Mas por hora, sem entendê-lo eu prefiro a terra firme, a solidez, pois do mar, eu ainda tenho muito medo.

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