sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Coisas para fazer antes de morrer

Já fez a sua lista?
Para os nativos do signo de capricórnio, fazer aniversário não é uma coisa assim tão simples. Somos ótimos para fazer comédia com a desgraça, isso inclui a nossa. Introspectivos e profundos, dificilmente consegue se ver a alma de um capricorniano só olhando em seus olhos. Frieza e calculismo espantam seus pretendentes, pois só demonstramos sentimento quando temos certeza do que sentimos.

Sendo inconstantes, desconfiados e dramáticos, aniversários para nós, são datas que nos fazem pensar na vida, no que passou, no que fizemos e no que ainda está por vir. E como disse Millor Fernandes: “... a vida começa quando a gente compreende que ela não dura muito”. Pois bem, que adulto que não tem saudade de sua juventude? Quem é que já não desejou voltar no tempo para tentar fazer algo que não fez, dizer o que não disse? Acredito piamente naquela história de que nada é por acaso e tudo nos acontece no tempo certo; no tempo que a vida nos prepara para receber coisas, acontecimentos e pessoas que cruzam nossa estrada, onde assim, aprendemos com elas e com erros e acertos que as situações e os diferentes tempos da vida nos trazem. Todavia, é que sempre queremos sempre mais tempo. Assim quando vemos o tempo passar, é inevitável nos perguntarmos: o que eu ainda quero fazer na vida?

Não importa a idade, todos temos sede de vida e somos jovens demais para morrer, mas é aí que surge a minha indagação da semana: que você precisaria fazer antes de morrer? Dentro deste questionamento, comecei a elaborar a minha listinha e recorri à ajuda de alguns amigos, a fim de saber quais eram suas 10 necessidades mais loucas e insanas (ou nem tanto assim) a serem cometidas antes de se bater às botas. Alguns listaram dez coisas, outros cinco, outros trinta e duas, mas o que realmente me intrigou nas respostas, é que assim como eu, muitas pessoas deixam algumas vontades para o amanhã e só quando pensariam em uma futura partida é que realmente se proporiam a realizá-las de imediato.

Dentre os desejos mais listados, a vontade de encontrar um grande amor, casar e de deixar descendentes é a mais acentuada; quase todas as listinhas tinham lá: quero ter um filho! Viver ao lado de quem se ama, ter uma noite especial com alguém especial, ver o sol nascer em um lugar específico; também receberam grandes votações. Algumas proposições não eram tão extravagantes, mas com certeza necessárias antes de partir: dizer a todas as pessoas que gostam, que as amam a fim de demonstrar a elas a dimensão de seu carinho e amor; transmitir a estas tudo o que se considera importante; ficar mais tempo com a família, abraçar e beijar mais todos eles.

Outras, porém, são tão necessárias que deveriam ser feitas todos os dias, como buscar a essência das pessoas; falar sempre a verdade, ou reunir com amigos em uma mesa de bar, juntando a cerveja gelada com conversas e filosofias de bar, sendo tudo registrado com fotos e ata lavrada a mão e assinada por todos que comporiam a mesa. A ânsia de conhecer lugares diferentes foi presente: o carnaval na Bahia, China, Europa, Fernando de Noronha, uma aldeia indígena, uma praia nudista; aprender a tocar um instrumento musical e fazer uma serenata. Fazer uma plástica, um curso superior; de quiromancia, de yoga, de pintura; aprender uma nova língua; tirar o brevê; transar em lugares diferentes; andar com um fórmula um; fazer muitos seguros de vida; ver o show de sua banda favorita ou o jogo do seu time do coração. Uns bem simples, mas com seu propósito: passar uns dias em um manicômio, ter um cachorro para lembrar como ser receptivo e alegre com as pessoas, doar sangue para se sentir vivo e útil.

A experiência de ver os desejos das pessoas, me fez ver que a necessidade de todos e a minha é fazer coisas que nos tornam mais felizes. Sim, mais felizes, porque devemos ter a felicidade não como um tempo verbal em nossas vidas, mas uma constante nominal. Assim, fiz da minha listinha um misto de necessidades com algumas vaidades, mas que tornariam o ciclo da minha existência completo e perfeito.

Primeiramente, gostaria de falar a todas as pessoas que já significaram algo em minha vida o quanto elas foram importantes, sejam elas família, amigos ou amores, pois quanto mais vivo a intensidade de meus dias, mais acredito que sentimento não pode ser guardado. Dentre os aprendizados, gostaria de aprender a tocar piano, fazer um curso de bartender, de pintura em tela. Faria uma regressão, outra tatuagem e pularia de pára-quedas. Preciso adormecer e amanhecer em uma praia, tendo oportunidade de ver o sol e a lua; viajar para conhecer a Toscana na Itália, seus vinhedos e ares rústicos e o Museu do Louvre na bela Paris. Almejo abrir uma cafeteria ou um pub, viver de escrever livros, morar na praia, ver a neve. Assistir um GRENAL, final de Campeonato Gaúcho no Olímpico e é claro, viver um grande amor com direito a casamento no inverno e três filhos para me chamarem de mãe.

Dramas a parte, confesso a vocês, que não gosto nada do meu aniversário, mas só de perceber que mesmo diante de tanta coisa ruim no mundo, as pessoas ainda se permitem sonhar e querem realizar coisas em suas vidas, valeu a reflexão dessa semana. Por vezes, nos deixamos levar por tantas outras coisas que nos esquecemos dos nossos sonhos e ambições e a morte, faz pensar que podíamos mais e que de fato podemos e temos que ir sempre mais.

Encerro, agradecendo a todos que me auxiliaram e deixo um pensamento do grande Drummond, que fala muito sobre o hoje e o que realmente precisamos em nossas vidas, a felicidade: “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade”.
Publicada no Jornal Liberal do dia 17 de Janeiro de 2009, dia que comemoro 23 anos e espero finalmente o FIM DA MALDIÇÃO!

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom vôo, parabéns!
Confesso que mudaria minhas 10 "coisas" antes de morres depois desta leitura.
Abraços,
Prof Robson