quinta-feira, 2 de outubro de 2008

“Diga ao povo que FICO!”


Impossível esquecer das aulas de história onde aprendemos sobre “heróico” ato de Dom Pedro I – O Imperador do Brasil, que resolveu atender os anseios do povo e ficar na antiga Terra de Santa Cruz, a fim de defender os interesses de “seu” povo. Deixando os mistérios e contradições da história brasileira de lado, Dom Pedro e seu “fico”, revelaram na época a vontade de uma massa que, unida, consolidou a permanência do Príncipe no Brasil.

Tal qual o ideal do povo em 1822, neste próximo final de semana, a vontade da grande massa ou de uma pequena maioria será defendida através do voto, nas eleições municipais. Em todo país, aparecerão caras novas e outras permanecerão para continuar um trabalho em defesa do “povo”. Para tanto, vimos nas propagandas eleitorais, ou mesmo em vinhetas políticas da grande mídia a inserção de conceitos como democracia e exercício da cidadania.

Curioso é que essas palavras que por hora nos parecem tão familiares, ao tentarmos descrevê-las, passamos por uma saia justa, onde nos faltam vocábulos para traduzir e entender a fundo seu significado. A palavra DEMOCRACIA vem do grego “demos” que significa povo, assim é fácil compreender que são ideais de um povo que estarão soberanos no poder legislativo e executivo.

De acordo com alguns de seus preceitos, ela pode também ser definida como uma forma de governo no qual o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos, diretamente ou através dos seus representantes livremente eleitos. Assim como um conjunto de princípios e práticas que protegem a liberdade humana, o governo democrático tem por função proteger direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão e de religião; o direito a proteção legal igual e a oportunidade de organizar e participar plenamente na vida política, econômica e cultural da sociedade. Entretanto, diante de tantas definições é importante ressaltar que em uma democracia, o povo não possue somente direitos que precisam ser cobrados, mas tem o dever de participar do sistema político, onde as sociedades democráticas prevêem valores da tolerância, da cooperação e do compromisso.

No entanto, assim como direitos e deveres protegidos, a democracia também garante aos seus cidadãos a liberdade de discordar e de criticar o governo. Assim, aos cidadãos, competem a CIDADANIA, onde esta, segundo Dallari (1998), “expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo”.

Logo, é fácil de concluir que a cidadania em uma democracia exige participação, civismo e paciência, onde os cidadãos devem ser responsáveis por sua sociedade para poderem se beneficiar da proteção dos seus direitos. Lembro assim, de um ditado que diz que cada povo tem o governo que merece. Prontamente compreendida é, então, a questão de que em uma democracia bem sucedida, seus cidadãos são ativos, não passivos, pois sabem que o sucesso ou o fracasso do governo é responsabilidade sua e de mais ninguém. Será que sabem, mesmo? Entramos aí, no fato do: fácil falar e difícil fazer. Falar que o Brasil não presta, que a economia vai mal, que todos estão corrompidos pela ganância e o egoísmo é moleza. Eu gosto de reclamar, os senhores gostam, enfim todos gostam e quanto falo em reclamar, não falo só da política, mas da sociedade no geral: do pão da padaria, das tarifas bancárias, da associação dos moradores, do grupo de novena, de tudo.

Todavia, muitas pessoas tornam-se extremamente demagogas, pois se revelam nas críticas, mas na hora de fazer alguma coisa, preferem se abster, esconder a cara do tapa e fogem assim da responsabilidade de participar ativamente da vida e do governo do povo. Diante disso, na véspera das eleições são comuns, as gozações e debates contra os candidatos ao legislativo e ao executivo. Porque um não fez, porque aquele não vai fazer nada, etc e tal. Quero, no entanto, ressaltar que ao criticar candidatos, involuntariamente, os que o fazem estão se auto-criticando e injuriando. Porquê? Simplesmente, porque eles são muito melhores que nós, pelo mero fato de que se em uma democracia, o exercício da cidadania é escolher nossos representantes, é evidente que escolhemos o que há de melhor em nosso meio.

Hã? Aposto um dedo meu que muitos de vocês pensaram assim: - “Melhores do nosso meio? Nem por decreto!” – mas isso é a mais cruel e pura verdade. Alguns se acham muito bons e completamente melhores aos que concorrem ao pleito, e assim para estes, torna-se muito mais cômodo achar os defeitos, apontá-los, jogá-los no vento, criticar, caluniar e ficar de boa na lagoa. Talvez entender a ótica de um governante e sua missão de defender o interesse de um povo e não de um grupo, seja difícil, porque assim como existem direitos e deveres, devem existir também imparcialidades, compromisso e verdade no olhar no exercício de representar seu povo frente a um estofado banco do executivo ou legislativo municipal, pois alguns estão realmente preparados, já outros...

Parafraseando Denis Russo Burgierman, colunista da Revista Vida Simples: “no Brasil é muito difícil fazer coisas boas”. Porque será? É mais fácil fazer coisas fáceis, tais quais criticar a alta retórica e promessas dos candidatos, certamente que sim, onde, muitas vezes não se concorda com a forma da política que é exercida, com os métodos impostos pela sociedade, mas o que se vê não é um abraçar a causa e sim um grande e destacado: NADA, exceto pelas difamações

Teorizações à parte, cidadã e democraticamente, no próximo domingo, que os descontentes parem de somente reclamar e os satisfeitos comprometam-se ainda mais, pois é preciso selecionar os melhores do nosso meio, confiar em suas atitudes, sem esquecer que ninguém é perfeito e pelo menos eles aceitaram a condição de tentar defender os interesses de uma classe e concordam em continuar ou ingressar no desafio de dizer ao povo que ficam.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ainda acredito que seria democrático cada qual escolher alguém, por livre arbítrio, que o representasse. A verdade é que temos que escolher àqueles que não tivemos a opção de apontar...

Sempre o mesmo macarrão, com molho um pouco diferente...

Mas entre tantos, como você disse Polly, que fiquem os menos piores. Aqueles que não se renderão ao peso da maioria. É como mergulhar sem se molhar... Praticamente impossível mas, um dia, alguém consegue!

Anônimo disse...

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AA

Ass: Seile Manuele