segunda-feira, 24 de março de 2008

O ponto



Num piscar de olhos o tempo voou e estamos celebrando mais uma Páscoa. Durante esse espaço de poucos meses já decorridos de 2008, na exaltação da vitória da vida sobre a morte, vemos seu sentido presente no dia-a-dia das pessoas, mas a pergunta é: Ele é verdadeiramente vivido?

Não precisa ser um católico apostólico romano praticante ou mesmo um freqüentador assíduo de qualquer outra religião para saber, que é a Páscoa é a maior das comemorações da Igreja. Através dela lembramos mais uma vez que Cristo ouvindo os apelos de seu Pai, dá a vida por seus irmãos, livrando-os do mal. Jesus, temente a Deus nunca hesitou em ouvir sua voz e acolher um conselho seu, entretanto, o seu povo que dizia acreditar no Deus e nos ensinamentos do seu filho, no momento de seu maior sofrimento o abandonou e o condenou, negando tudo o que havia aprendido com sua fé e obras.

Ao mais uma vez reviver a história do Salvador da Humanidade, condenamos o povo que o abandonou, mas, se trouxermos a história para a nossa realidade, será que não tomamos o mesmo rumo do povo traidor que acompanhou Jesus? Muitas vezes vamos a igrejas, cultos, celebrações com a intenção de pedir a proteção, de pedir a benção, de encontrar uma luz para nosso caminho, de buscar respostas para nossas perguntas, mas nos demonstramos os mesmos infiéis descrentes que viveram com Ele há 2008 anos atrás! Será que em nossas conversas com Deus não se transformaram em monólogos de reclamações? Será que paramos para escutar a sua voz?

Talvez ele não se manifeste em nossas vidas através de uma conversa concreta, mas certamente se comunica por meio de sinais e percebê-los, interpretá-los e principalmente colocá-los em prática, assim como aconteceu com Neale Donald Walsch é um ponto dentro de nós. Este inglês é autor de uma série de sete livros que inspirou um filme com o título “Conversando com Deus”, nele o roteirista retrata a história de Walsch, onde após sofrer várias “rasteiras da vida”, indaga a razão pela qual sua vida não estava dá certo, e por que ele tinha uma vida com tantas dificuldades. Neste tempo, passou por um processo de anotações sobre suas dúvidas, em forma de perguntas irritadas dirigidas a Deus, as quais, para sua surpresa, foram respondidas via sussurros à sua mente proferidos por uma Voz Silenciosa.

Antes de começar a respondê-las, Deus pergunta a Walsch se ele está preparado para as suas respostas e para o entendimento de todas as questões da sua vida, e ao responder que sim, ele percebe que muitas das questões ele já sabia as respostas, mas não praticava ações que viessem a resolver aquele problema. Assim como nós, que às vezes comemoramos a Páscoa, o Natal sem aplicar o ensinamento que datas revelam e principalmente por não manter em nosso cotidiano os valores destes momentos.

Somos movidos por emoções senhores e, estas emoções às vezes nos atingem tão vertiginosamente que agitam o mar da nossa vida fazendo com que perdemos rumo e nos desviemos do caminho a navegar. Bebemos tanta água, ficamos exaustos, não avistamos nem ao longe terra à vista, porém, temos a consciência de que a única solução é arregaçar as mangas e remar incansavelmente dia após dia até encontrar o caminho de volta. Entretanto, mesmo sabendo o que fazer não o fazemos. Nos falta força, coragem? Nos mantemos apáticos, sem reação. E aí, qual o ponto que nos faz reagir diante das situações?
Logo, achamos que já passamos por tudo, no entanto, o vento sopra mais forte e um rodamoinho se cria e nos puxa ainda mais pra baixo, revirando de novo nosso barquinho da vida. Gritamos, esperneamos, reclamamos, mas porquê? Se sabemos com sair de lá? Será só agora chegou o ponto que nos aguardava? O ponto de reagir?
Talvez, só Ele saiba o ponto necessário para que reajamos diante das adversidades da vida, mas só depende de nós escutarmos a sua voz, para encontrar um caminho de mar calmo e seguro. Desejo a todos nessa Páscoa: a sua vivência em seu coração, o reconhecimento do seu ponto e o encontro com um mar sereno e tranqüilo.
Publicada no Jornal Liberal de 22/03/08

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