sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Tudo vai dar certo...


Para lembrar o dia da amizade, no dia 14 de Fevereiro...
Era tarde da noite e Duda e Pérola, ainda estavam papeando na internet. As amigas separadas por alguns quilômetros de distância conversavam sobre os acontecimentos do ano anterior, sobre a sorte de encontrar dezenas de figurinhas no pacote de salgadinho não sendo nenhuma premiada, sobre os novos contatos do orkut, sobre o que haviam comido no jantar. Ambas estavam sonolentas e após algumas reticências e segundos sem teclar, Duda antecipou-se e disse:
- Então tá! Boa noite, durma bem, sonhe com os anjos e até amanhã!
- Me dispensando assim tão rápido, amiga? – indagou Pérola.
- Não mesmo, dá uma olhadinha no relógio e olhe que horas são!
No momento em que Pérola desviou seu olhar para baixo do monitor, o velho relógio da sala soou duas badaladas, eram duas da manhã.
- Nossa, está tarde mesmo! Vamos dormir, mas você trate de ficar bem, ok?!
Engraçado, mesmo sem falar, mesmo a quilômetros de distância, Pérola sentia que sua amiga não estava bem. Estava com sono, mas não queria deixá-la sozinha. De muitas maneiras cutucar Duda para ver se ela revelava algo, entretanto naquela noite falaram de muitas coisas, mas nenhuma que rendesse uma conversa mais interessante e nada que aquecesse aquele clima de nostalgia e angústia que emanava o coração de Duda e que Pérola estava sentindo.
- Obrigada amiga por estar comigo e por me fazer companhia até essa hora, estou meio angustiada sabe – esclareceu à amiga.
- Eu percebi, mas então fique tranqüila e descanse, que tudo vai passar.
Assim foram dormir as duas e por isso que a amizade continuava e resistia ao tempo e as situações. Qualquer outro que não tivesse um pouco do amor e o carinho que uma sentia pela outra, forçaria uma declaração forçada de um: “O que está acontecendo? Não quer me contar? Não confia em mim?”, o que estragaria os estreitos laços de amizade conservados a toda prova.
Talvez por se conhecerem tão bem que o silêncio uma ao lado da outra não as incomodava, mas proporcionava ataque de risos e muitas reflexões. Muitas vezes Pérola foi seu porto seguro e seu refúgio, a encorajou diante dos obstáculos e a alertou diante dos perigos. Porém, por entender que a angústia é o sentimento do nada apertando o coração que Pérola não indagou e nem questionou o que Duda sentia. E isso fez com que ela, mesmo sem falar nada e nem compreender o que estava sentindo, fosse dormir mais aliviada; bem sabia ela que quando precisasse Pérola estaria lá, para fazer nada, para aconselhar, para olhar nos olhos, para rir das piadas sem graça e das peripécias que a vida lhe trazia e a fazia aprender.
Sabiam dos defeitos de cada uma: perfeccionismo, rabugice, teimosia e o pavio curto, mas se é realmente amizade, entediam e aprenderam a conviver com tudo aquilo. E é por que mesmo que mude é sempre amor o que tinham uma pela outra que tudo vai passar, é só ficar tranqüila.
PUBLICADA NO JORNAL LIBERAL: 15 de Fevereiro de 2008.

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