quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Sem medo, IR!


“E ajeita o cabelo, e troca de roupa, e treina a voz, e sorri suavemente na frente do espelho. Parecia meio ridículo Júlia estar testando-se na frente do espelho, mas a ansiedade refletida no suor das mãos e pelo coração disparado eram sintomas do medo de enfrentar o primeiro dia em seu novo emprego. Sim, o novo posto lhe dedicaria mais desafios, aos quais admitia metas e objetivos que certamente iria alcançar, mas o fato é que a insegurança naquele dia era algo inevitável”.

Curioso como a vida, é a forma pela qual nos frustramos com a rotina estressante de nossos dias, e como tão logo pedimos novos horizontes, rumos e desafios. Porém quanto tudo isso nos acontece, não é difícil de, com o medo e insegurança, nos sentirmos confusos e perdidos. O fato é que a rotina e a segurança trazida por ela é algo que nos conforta. Estamos acostumados com as coisas que nos acontecem rotineiramente, pois conhecemos tudo o que nos é apresentado e assim sabemos dominar o que está ao nosso redor.

Quando de alguma forma somos forçados pelo destino ou por vontade própria a mudarmos alguns âmbitos em nossas vidas, somos tomados por um temor de que algo de ruim venha suceder, que não iremos superar perdas, não saberemos contabilizar ganhos ou manter a calma, tudo isso porque fomos treinados a procurar por segurança e estabilidade. Assim, uma situação não experimentada nos mobiliza internamente e nos desestabiliza momentaneamente.

Para tanto, quando nos vemos diante de tais novos acontecimentos, muitas vezes nos visualizamos psicologicamente amedrontados e temerosos por estar adentrando em terras desconhecidas. Certamente senhores, não adianta negar, nem o mais autoconfiante dos seres sente-se 100% seguro diante do novo, e também sofre com um friozinho na barriga, seja qual for o “novo” enfrentado. Entretanto, o que diferencia uma pessoa de outra nessas situações, é a reação que cada uma esboça diante dos fatos, é a capacidade de abraçar este “novo”, pois o medo sempre existirá, mais ele não pode e não deve determinar nossas atitudes.

Acredito que o sentir medo é um reflexo da falta de percepção do que eu sou, do que eu sinto e do que eu quero para minha vida. Todavia é fato também, que ninguém se conhece em sua totalidade, pois nossa consciência abriga espaço para uma bordinha visível de consciência e um iceberg de inconsciência, o que justifica nosso temor diante do novo, o que é muito importante, pois neste estado, ficamos mais alertas e a derrota do medo, que requer uma mudança de hábitos, flexibilidade e uma dose extra de coragem para enfrentar o desconhecido.

Alguns, porém, podem questionar-me expondo que nem todos reagem com medo diante dos desafios, talvez aí esteja a principal questão do medo: o auto-conhecimento e o meu preparo diante dos desafios da vida. Um desafio nos testa e nos põe a prova, oferece oportunidade e nos pede atitudes, onde desta forma os mais convictos sairão na frente. Logicamente, que na vida encontramos os mais astutos, os mais retraídos, os mais audazes, os mais cautelosos, porém, esta mesma vida nos oferece múltiplos talentos e resta a nós aprimorá-los e desenvolvê-los a fim de alcançar nossos objetivos.

Temos que ter a humildade de reconhecer que não nos conhecemos a fundo, que não sabemos até onde podemos ir, mas se, acometidos pelo medo, não formos estaremos nos rendendo ao medo e a inércia da vida. Senhores, diante do medo temos que ter atitude, consciência de nosso potencial e devemos ir, pois esse medo não é necessariamente ruim, mas uma oportunidade de testarmos nossa capacidade de responder a ele de forma criativa e original. Mesmo não conhecendo o mar, é preciso encarar as ondas bravias, sabendo que a lua será sempre companheira e que as redes sempre trarão alguma coisa para o barco: sejam peixes, sejam novas experiências.

É preciso começar em um novo emprego, lançar as redes, não ter medo do cartão de crédito, de dizer um não, de pedir perdão, de se jogar na piscina, de chorar e parecer sentimental, de rir e parecer bobo, de dançar e parecer excentricamente feliz. Sem medo e acreditando em si, é preciso ir, pois o ir, por si só já é uma vitória, é o querer conhecer e se dispor a lutar é conhecer-se, é sentir-se vivo, é desafiar-se, e é sim, se expor ao erro e a derrota, mas nunca ninguém ganhou sem ter tentado lutar.

Como diria Fernando Pessoa: “Ah, seja como for, seja por onde for, partir! Largar por aí fora, pelas ondas, pelo perigo, pelo mar, ir para longe, ir para fora, para a distância abstrata, indefinidamente, pelas noites misteriosas e funda, levado, como a poeira, pelos ventos, pelos vendavais! Ir, ir, ir, ir de vez!” Vá você também, porque Júlia foi e também fui, sem medo de ser feliz.

2 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

é por essas e outras que eu te amo...