Vem chegando ao final o
incrível e surpreendente 2017, me desculpem a ironia, mas, gostaram da
descrição? Tenho fama por aí de ser realista demais, pra não dizer pessimista,
o que seria uma inverdade, mas o inesperado 2017, se findou.
E ao longo dos anos da Voo
Livre, (sem acento depois no último Acordo Ortográfico), seja no saudoso
Jornal Liberal aqui de Realeza ou no Jornal Igaçaba de Roque Gonzales – RS,
sempre aos finais de ano eu, novamente me atrevia a falar (escrever) sobre os
planos e resoluções para o novo ano que se aproximava. Por um momento pensei
até em voltar as minhas caixas de
e-mails enviados e relê-las para ver o que encontraria lá, mas como a ideia é
recomeçar deixei pra lá, afinal o que estaria nas entrelinhas seria
basicamente, faça planos mas saiba viver o que virá, pois a vida é pra ser
vivida.
No entanto, quem acompanhava
minhas crônicas daquela época, (muito embora eu goste de chamá-las de escritos,
pois não lhes imponho um rigor tão literário), espera que a mensagem final deste
‘amontoado de palavras’ seja diferente das anteriores, sinto informá-lo que não
será. Talvez, o enredo que envolva toda esta discussão seja de fato diferente
do que norteava as mensagens anteriores (até porque meus caros, as experiências
nos mudam), mas a ideia final é exatamente esta: a vida é pra ser vivida.
E refletindo sobre o findar
do ano, recordei da história do filme ‘Before We Go’, ‘Antes do Adeus’, na
tradução brasileira, um filme do belo e talentoso Chris Evans, estrelado também
por ele e por Alice Eve, que assisti dias atrás e cujo final me chamou muito a atenção.
O drama conta a história da garota Brooke que após ser assaltada, perde o trem
que a levaria de volta a Boston e permitiria que ela impedisse o seu noivo de
ler uma carta deixada por ela terminando o noivado, em função de uma traição
por ela descoberta. Na correria para pegar o trem Brooke perde seu celular
literalmente nos pés de Nick, um jovem saxofonista, ex-estudante de medicina,
que sofre por um antigo amor que o deixou e tem uma audição no dia seguinte
para entrar em uma famosa banda de jazz.
Na trama do filme, ao perder
o trem, Brooke se desespera e se assusta ao deparar-se com um estranho que não
tem nada a perder e resolve, em plena madrugada, ajudar a moça a encontrar a
sua bolsa na grande Nova Iorque e a auxilia a retornar a sua cidade. Durante a
madrugada, eles percorrem a cidade, se conhecem, partilham segredos, receios e
aspirações, o que segundo a própria ficha técnica do filme diz, permite com que
criem laços improváveis que mudarão suas vidas para sempre e o que de fato
acontece. Nas aventuras da madrugada dos desconhecidos, Brooke percebe que
mesmo se sendo traída, se sente amada e ama seu noivo, por isso decide voltar e
acertar os ponteiros com ele e Nick, compreende que não precisa mais ser o cara
que a ex sonhava que ele fosse, até porque, mesmo com um almoço marcado para o
outro dia com ela e o seu noivo, ele percebe que não pode ir, porque a vida
continua e muitas coisas devem ser deixadas pra trás.
O intrigante do filme, porém
é que, ao amanhecer depois de toda a reflexão da madrugada, Nick e Brooke
descobrem o que precisam fazer para que suas vidas tomem seus rumos e siga
adiante e assim o filme termina. Sim, muitos ficariam frustrados e
decepcionados de assistir o filme e não ver Brooke se reconciliar com o noivo
ou brigar com ele e nem Nick fazer sua audição para entrar na banda e não sabe
se ele talvez foi ou não ao almoço com a ex e o seu noivo. Confesso, que
antigamente, eu ficaria frustrada e provavelmente xingaria a televisão por
isso, mas assim como Brooke e Nick entenderam, devemos também entender que a
vida segue e não tem um final e muito menos um feliz pra sempre. Nossas
histórias, assim como a de Brooke e Nick, continuam com novos cenários e
personagens, no entanto, parece que insistimos em ter finais para termos recomeços.
E é isso que nos acontece
todos os finais de ano, os mais realistas de plantão, para não dizer
pessimistas (e nesse caso, eu não me incluo no exemplo), sempre acrescentam que
é impossível que no dia 31 de Dezembro, as 23h59, você seja uma pessoa e como
em um passe de mágica, no dia 01 de Janeiro, as 00h01, você seja outra, afinal,
não sabemos como a vida vai seguir, no entanto, temos esperança e isso quem nós
dá são os finais. Esperança em recomeçar. Esperança sim em mudar, em ser melhor. Esperança de que encontremos em nosso
caminho Nicks e Brookes, que nos proporcionem experiências que permitam
conhecer inúmeros sentimentos, como: amizade, amor, decepção, raiva, frustração,
perdão, que de fato, nos possibilitarão uma vida melhor pra ser vivida. Esperança
nas pessoas, na reciprocidade, na verdade. Esperança que nos importemos com o
que e quem de fato vale a pena. Esperança nas voltas que o mundo dá. Esperança e
fé na vida.
De fato, eis que finda 2017,
(graças a Deus, me permitam registrar), eis que chega 2018 e eis que o exame de
consciência por tudo que passou é inevitável. Bem como também é inevitável que
mantenhamos viva a esperança de um ano mais pleno e de paz, cujos planos se
norteiem em viver tudo o que se há pra viver, todos os sentimentos, em todas as
intensidades para que não haja nenhum arrependimento ou dúvida do que se viveu.
Se for pra amar, que ame até tremer de nervoso. Se for pra doer, que doa até
esgotar todas as lágrimas dos olhos. Se for valer a pena, que traga todos os
sentimentos e que estes inundem a mente e o coração, só que não seja pouca
coisa. Eis que se finda 2017, precisamos finais para termos recomeços, só não podemos
perder o foco de que por mais que existam finais, a vida continua e o que está
nos ‘esperando’ lá na frente, nos tornará muito melhores.
Ah, e antes que me
perguntem, qual a minha resolução de 2018? Bom, minha resolução de ano novo é não
ter nenhuma resolução, só tenho a esperança de ter um feliz 2018!